top of page

Vezot Habrachá - Devarim 33:1 – 34:12

Uma bênção, um adeus, e Moshé morre na terra de Moab, pelos lábios de Deus. Esta é a parashat Vezot Habrachá.


Neste shabat lemos dois trechos diferentes, específicos para o shabat de Sucot. Um trecho fala de ofertas referentes a Sucot, outro, retirado da parashát Ki Tissá, fala, entre outras coisas, sobre o momento em que Deus se revela a Moshé, seguido dos Atributos Divinos, que repetimos algumas vezes durante Iom Kipur.


No shabat passado lemos Haazinu, que acaba com o momento em que somos informados de que Moshé morrerá. No próximo shabat leremos Bereshit, a primeira parashá do ciclo de leituras, quando lemos sobre a criação do mundo, a criação da humanidade, o princípio de tudo.


Este ano, um dirigente comunitário me mandou uma mensagem, um pouco confuso com este calendário: “Mas a gente não lê Vezot Habrachá? Não é esta a última parashá da Torá?”. A resposta é que lemos esta parashá em Simchat Torá, mas logo em seguida iniciamos a leitura de Bereshit. Assim, a resposta é sim e não. Não lemos Vezot Habrachá em um shacharit de shabat, sozinha em si. Lemos como um marco do fim, que se renova com o imediato início da leitura cíclica das parashiot. Gosto da explicação tradicional de que assim, o ciclo nunca termina, continuamos vivenciando a Torá todos os dias de nosso calendário.


Vezot Habrachá é uma parashá linda, poética, curta. Moshé abençoa todos os filhos de Israel, tribo por tribo, e então o povo como um todo: “Ó Jeshurum, não há ninguém como Deus, Cavalgando pelos céus para ajudá-lo. Através dos céus em Sua majestade. O antigo Deus é um refúgio, Um suporte são os Braços Eternos.”[i]. Jeshurum é uma maneira rara de se referir ao povo como um todo, presente nesta única bênção de Moshé para seu povo, em que ele, como pai, tranquiliza e assegura aqueles que chorarão sua partida, e sentirão sua falta. Não se preocupem, nos braços de Deus e no refúgio de suas asas estaremos protegidos por todo o sempre.


A busca por este refúgio é uma das grandes questões do judaísmo. Nas palavras da rabina Aviva Richman encontrei um caminho: “Estudar a Torá representa nossa busca pela integridade, para tentar entender e viver a vontade divina, e também pode se tornar a cola que nos une uns aos outros, não porque todos concordamos com uma prática monolítica, mas porque temos uma participação compartilhada nesta busca pela integridade. Todos nós temos diferentes origens e suposições que trazemos para essa busca.” A mensagem de Moshé para o povo traz em si a indicação de que unidos, cada um com características específicas, podemos nos manter e seguir em frente.


Juntos, não paramos no final, mas recomeçamos baseados nesta mesma árvore da vida, cuja história é lida de maneira diferente por nossos olhos modificados pelo tempo. “A Torá começa com atos meritórios e termina com atos meritórios; ela começa com atos meritórios, como está escrito ‘E o Senhor Deus fez para Adão e sua esposa túnicas de peles e os vestiu.’[ii] termina com atos meritórios, como está escrito ‘E Ele o sepultou no vale.’[iii]"[iv] Na Torá, como na vida, começamos com a criação, com o sopro Divino da vida, com o nascimento, e terminamos com o beijo Divino da morte. No meio, no rolo da vida, vivemos nossa saga.


Nos despedimos de Moshé. Com sua despedida aprendemos que devemos continuar caminhando. Aprendemos que não cultuamos a morte, pois não sabemos onde Moshé está enterrado, mas celebramos a vida, repetindo suas histórias e vivendo através de seus ensinamentos. Que possamos em nossas vidas entender que no final pode e deve haver um começo.


Seguimos caminhando juntos.

Chazak, Chazak veNitchazek. Força, Força, e nos fortifiquemos.


Shabat Shalom



[i] Devarim 33:26-27 [ii] Bereshit 3:21 [iii] Devarim 34:6 [iv] Ein Yaakov (Glick Edition), Sotah 1:54

19 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page