Vayetsê, entre suas muitas tramas, traz a briga entre Rachel e Lea pelo amor e atenção de Yaacov através da geração de filhos. O que para nós, mulheres modernas, parece difícil de imaginar, estas mulheres tinham seu lugar na sociedade e na estrutura de poder de suas casas garantida através de seus filhos. Mais ainda, sua história e existência eram lembradas por sua habilidade de gerar filhos, motivo pelo qual Raquel dá seu doloroso grito: “Me dê filhos, ou eu morrerei”!
Na guerra de gerar filhos, e diante de sua infertilidade, Rachel insere na equação sua escrava, Bilá, entregue para relações sexuais com um homem que não é seu marido, entregue como objeto. Bilá é matriarca de nosso povo pois, em nome de Rachel ela dá dois filhos a Yaacov: Dan e Naphtali.
Lea, diante desta pressão, também introduz sua escrava na equação, adicionando mais uma mulher objeto na cama de Yaacov. Zilpá se torna nossa matriarca, gerando dois fihos em nome de Lea: Gad e Asher.
Bilá e Zilpá geraram um quarto de nossas tribos. Juntas geraram quatro filhos ao patriarca Yaacov. Depois foram apagadas, como tantas outras mulheres, como se nenhuma importância elas tivessem. E como ressalta Ellen Frankel em seu livro The Five Books of Miriam, não só Bilá e Zilpá desaparecem de nosso meio, mas também suas quatro tribos, dizimadas no reino do norte, Israel, quando conquistado e desolado pelos Assírios.
Que possamos lembra-las e reverencia-las em nome de nossas matriarcas.
Shabat Shalom
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