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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Vaielech Devarim 31:1-30

Vaielech é a menor parashá em tamanho, no entanto, fortíssima em mensagens. É o final da vida de Moshé. Deus avisa a ele que seus dias estão terminando, que é hora de se despedir e passar definitivamente o poder para Ioshua (Josué). Moshé escreve o último poema, que servirá de testemunha para ser colocado ao lado da Arca e lembrar ao povo das consequências que sofrerão ao se afastar do caminho pactuado com Deus.


Vaielech fala do medo do futuro, seja ele conhecido ou não. Em realidade, nos faz refletir profundamente sobre vida, morte, e sobre todas as possibilidades mesmo no destino conhecido. Moshé vai morrer, e tem medo do que há pela frente. Tem medo e tristeza por ele mesmo, que não entrará na Terra Prometida, tem receio pelo futuro deste povo que ele libertou e ajudou a criar e amadurecer para este momento.


Josué tem medo do futuro, como líder deste povo que se apoiou em Moshé somente por mais de 40 anos. Substituir um líder tão marcante não é tarefa fácil, ainda mais quando se sabe que o futuro inclui guerras, encontros com outros povos, sofrimento, mas também conquistas.


O povo tem medo do futuro sem Moshé, da vida em uma terra conquistada onde eles precisarão plantar para colher o pão, onde vão enfrentar guerra, conquista, vida cotidiana. Onde vão plantar raízes e colher a vida. Algo novo para quem nasceu no deserto com o sustento caído do céu.


Se olharmos todas estas situações, podemos encontrá-las em nossas vidas ainda hoje. O filho que sai de casa, e então precisa cozinhar, lavar roupas, arrumar o quarto sem ninguém mandar. Nada mais vai cair do céu, é preciso buscar e fazer. As tantas vezes que assumimos papéis de liderança, sabendo ou não o que vem pela frente e toda a responsabilidade que está envolvida. O medo do fim, a realidade da morte.


De acordo com o rabino Yitz Greenberg “Iom Kipur é literalmente uma reconstituição ritual de sua morte. A versão judaica do que é morrer. Você não come, não faz sexo, está morto mesmo que esteja vivo. Se sua vida fosse acabar amanhã, onde você estaria?”[i] E assim, nosso calendário, e as questões que ele nos traz, encontra a parashá da semana, que reforça o questionamento sobre viver e morrer. Interessante que este era o assunto de uma conversa ontem, quando ouvi de uma pessoa que tenho muito orgulho de ver crescer e se tornar um homem excepcional, que Iom Kipur é “uma celebração da vida. O jejum mostra o quão importante e difícil é viver, todas as dificuldades, todos os obstáculos, mas também toda a alegria e felicidade, é como se a gente estivesse trazendo a vida de volta pra dentro”[ii].


Este enfrentar os medos, o ensaio da morte, e renascer celebrando a vida que Iom Kipur nos proporciona, é uma das dádivas do calendário judaico. Dá muito medo enfrentar o futuro, o desconhecido, os desafios que a vida nos traz, mas nosso texto nos traz o incentivo: “חִזְק֣וּ וְאִמְצ֔וּ אַל־תִּֽירְא֥וּ וְאַל־תַּעַרְצ֖וּ – chizku veimtzu, al tir’u veal taarzu - Seja forte e resoluto, não tenha medo ou pavor deles”[iii]


Que neste shabat, neste novo ano, e em todos os dias das nossas vidas, possamos caminhar com a certeza de estarmos sendo guiados pela Força Criadora, Protetora, para que não tenhamos medos dos desafios, saibamos agradecer e viver plenamente nossos dias, e continuarmos, a cada dificuldade e a cada conquista, com força e resolução.


חֲזַ֣ק וֶאֱמָץ֒

Chazak Veematz![iv]


Shabat Shalom.

[i] Pogrebin, Abigail. My Jewish Year: 18 Holidays, One Wondering Jew . Fig Tree Books LLC. Kindle Edition. [ii] João Rodolfo Kulikovsky no Whatsapp... [iii] Devarim 31:6 [iv] Devarim 31:7

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