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Tsav e Tnuot

“Afortunada é a geração em que o maior atende o menor, (...) a geração em que o menor atende o maior é certamente afortunada também.”, nesta passagem do Talmud, no tratado Rosh Hashaná[i], aprendemos que é necessário dar à nova geração o lugar de decisão que lhes é cabido, ouvir e atender aos seus julgamentos. É justamente neste espaço que se encaixa a tnuá, o movimento juvenil, em nossa comunidade. A educação do jovem pelo jovem tem um papel fundamental na construção comunitária. Inúmeras são as fontes que falam da importância que os movimentos juvenis tiveram nos movimentos de levante e resistência durante a Segunda Guerra Mundial e para a construção de Israel.


Bruria Retner-Rosenblum, sobrevivente da segunda guerra, deu seu depoimento no livro "Uma Viagem nas Ruas de Mir"[ii]: "Foi aqui na tnuá que aprendemos a cantar canções hebraicas; aqui estudamos discretamente a dança selvagem da Hora. Recebemos convidados do exterior, ouvimos palestras e debatemos, e daqui viajamos para grupos de treinamento e para Eretz Israel. Do outro lado da parede, os alunos da yeshiva estudavam as páginas do Talmud ao som de uma melodia pioneira que aprenderam conosco. "


As tnuot, movimentos juvenis, desempenham um papel tremendamente importante nas comunidades judaicas em todo o mundo. Elas são uma fonte dinâmica e poderosa de identidade judaica e conhecimento para centenas de milhares de jovens judeus ao redor do mundo, usando sua paixão e compromisso com sua ideologia e seus líderes carismáticos para literalmente transformar a vida das pessoas. O primeiro movimento juvenil sionista foi fundado na Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial, em1912, o Blau-Weiss (Azul-Branco). Hoje, os movimentos juvenis continuam sendo uma força poderosa nas comunidades judaicas em todo o mundo, bem como na sociedade israelense. Eles desempenham um grande papel no aumento da consciência judaica entre os jovens, fortalecendo a identidade, conhecimento e prática judaica, e garantindo o futuro da comunidade. [iii]


As nossas lideranças comunitárias de hoje são, em sua maioria, provenientes de nossas tnuot. Aqui na ARI, podemos começar com o rabino e sua assistente, seguir para a diretoria e tantos voluntários, que aprenderam a construir e ser comunidade nas peulot (atividades) de nossas tnuot. E isto se repete nas diversas instituições que hoje compõem a comunidade maior.


Segundo o grande pensador da educação, Paulo Freire: [iv]

… É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”.


No ano passado, assim como todos nós, as tnuot se reinventaram, mudaram para o módulo virtual, e mantiveram a chama que alimenta a comunidade acesa. Assim como estabelece a parashá que lemos esta semana, Tsav, que fala da obrigatoriedade de que se mantenha acesa a Esh Tamid, a chama eterna, no altar do Tabernáculo. A Esh Tamid[v] garante que o relacionamento com Deus, na maneira dos korbanot, seja possível. As tunot garantem a perpetuidade do judaísmo e das lideranças das instituições que compõem o tecido comunitário judaico no mundo. Nossa função é dar recursos, apoiar, ajudar, mas principalmente, escutar e aprender com nossa juventude. Eles têm muito a nos ensinar.




[i] Rosh Hashanah 25b [ii] https://www.yadvashem.org/yv/en/exhibitions/communities/mir/parties.asp [iii] https://infed.org/mobi/the-world-of-the-jewish-youth-movement/ [iv] Freire, Paulo – A pedagogia da Esperança, ed. Paz e Terra [v] Vaicrá 6:6

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