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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Shemot

A primeira parashá do livro de Êxodos, em que Israel se torna um povo e é libertado do Egito, conta como os atos de seis mulheres que não atenderam as ordens do faraó mudaram o destino do povo, salvaram sua existência, e possibilitaram a história do êxodo.


Shifra e Puah, parteiras que desobedeceram ao faraó quando este mandou que elas matassem todos os meninos judeus que nascessem. Quando questionadas elas souberam responder o que ele acreditaria ao ouvir: as mulheres judias pariam com facilidade, como animais, sem a necessidade de parteiras.


Yocheved, a mãe que olhou para seu filho, enamorou-se por sua beleza, e desafiou a todos, escondendo seu bebê por três meses. Amou mais do que a razão poderia julgar, e salvou a vida de seu filho.


Miriam, irmã do bebê, que acompanhou de longe seu curso pelo rio, garantindo sua salvação, além de ter tido a esperteza de indicar a própria mãe como ama de leite ao bebê. Mais tarde, Miriam continua sendo a parceira de seu irmão em sua jornada diante do povo.


A filha do faraó, a quem a Torá não confere um nome, mas que salva o bebê que encontra em uma cesta no rio, mesmo consciente de que se trata de um bebê hebreu, que seu pai ordenou a execução. Desafiando as ordens de seu pai, ela paga uma ama de leite e depois cria o menino como filho, no palácio. Mais tarde, nossos sábios nomeiam a filha do faraó como Batia – a filha de Deus.


Tsipora, a mulher forte e determinada que é dada como esposa a Moshé. Tem nome de passarinho, mas a força de uma leoa. Segue com seu marido o chamado a salvar o povo da opressão, circuncisa o próprio filho em um ato determinado para salvar a vida dele.


A presença destas mulheres no início da fundação do povo Israelita é extremamente significante. Elas entendem instintivamente que o Faraó deve ser desobedecido. Por estas mulheres, cheias de um poder baseado em razões morais e preocupação ética pela vida, capazes de empatia, aprendemos uma lição importante acerca de ética política - como bem enfatiza a professora Susan Niditch, PhD – mesmo o mais fraco na sociedade pode contribuir com a liberação ao engajar em atos de desobediência.


Contemos então a história da liberação pelas mãos destas mulheres.


(imagem: afresco na sinagoga de Dura-Europos)

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