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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Shabat Chol haMoed Sucot - Bamidbar 33:12-34:26

Esta é uma parashá que é lida três vezes por ano. Shabat durante Pessach, Shabat durante Sucot e em sua rotação natural. Seria fácil dizer que lemos esta porção hoje porque mais tarde a parashá menciona Sucot. Mas qual é a ligação, se houver, entre os 13 atributos ... “Adonai, Adonai, El Rachum v’chanun ...” e Sukkot. Por que lemos o recebimento do segundo conjunto de Tábuas e Moshé visualizando uma parte de Deus justamente neste chag? E por que Sucot não é mencionado pelo nome, embora seja em outros lugares da Torá?


Talvez a função de lermos esta parashá seja unir todas as emoções trabalhadas neste período, trazendo um último suspiro de energia para entrarmos então no mês hebraico de Cheshvan, quando não temos nenhum chag para celebrar. Lemos no Talmud[i] que “Rav Yehuda disse: Uma aliança foi feita com os treze atributos de que eles não retornarão de mãos vazias, o que significa que se alguém mencioná-los, ele certamente será atendido”. Por este motivo, os Atributos Divinos vêm sendo recitados desde os serviços de selichot, que acontecem a partir de Elul. A melodia tradicional, repetida várias vezes em Rosh haShaná e Iom Kipur, reverbera em nossas mentes, nos levando de volta aos Iamim Noraim.


Por outro lado, estamos chegando a Simchát Torá, quando celebramos o final e o início da leitura anual comunitária da Torá. Nos conectando a este momento, Moshé recebe o segundo conjunto de Tábuas da lei, trazendo tanto a mensagem de perdão Divino, como a conexão do povo com o texto básico do judaísmo.


Moshé é um ser humano comum com um relacionamento extraordinário com Deus. Repetidamente, a Torá nos lembra o quão humano é Moshé: ele tem um temperamento explosivo, fica frustrado facilmente, é sensível a críticas. Aqui, quando todas as pressões da liderança e suas responsabilidades se tornam insuportáveis, Moshé declara a necessidade de ver Deus, de realmente experimentar a realidade da existência de Deus. No Shabat antes da celebração de Simchat Torá, recebemos um forte lembrete textual de que às vezes é necessário ver para crer.


Para os céticos, não há prova da existência de Deus. Para os fiéis, não há como negar a existência de Deus. O resto de nós - nós que vivemos dia a dia com questões e dúvidas muito humanas - precisamos buscar a Deus nas experiências diárias de nossas vidas. Sucot é este momento em que somos levados a nos alegrar ao sentar em uma estrutura frágil e compartilhar refeições com convidados especiais. Em que somos levados, como falei ontem à noite, a nos dar conta da efemeridade do tempo, e da necessidade de reconhecermos com gratidão a vida como ela é: com altos e baixos.


Em uma linda descrição, Rabi Yochanan diz que Deus se envolveu em um Talit para mostrar a Moshé como se reza, dizendo que se assim agirmos, seremos perdoados[ii]. Na porção que lemos da Torá hoje, Deus passa diante de Moshé e declara os Atributos Divinos, uma cena que podemos montar em nossas imaginações de diversas maneiras. Na parte seguinte, que não lemos no chag, Moshé desce com o rosto tão brilhante que é insuportável para as outras pessoas.


Talvez, nossa parashá seja um passeio pelo que passamos neste último mês, um lembrete de todos os nossos pedidos, de nossas angústias, de nossa devoção, para então nos indicar a esperança de que há luz à nossa frente, há perdão. Talvez nossa parashá nos seja um lembrete para que levemos conosco destes dias a certeza de que, apesar de nossa fragilidade, finitude, humanidade, nós somos sim capazes de sentir e levar conosco o brilho da experiência Divina.


Que possamos brilhar este ano, com o reflexo da luz que emana do estudo e da vivência de nosso judaísmo.


Shabat Shalom.


[i] Rosh Hashanah 17b [ii] Rosh Hashanah 17b

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