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Pecudei

Esta semana lemos a parashá Pecudei, em que acabam os trabalhos de construção do Mishkan - o santuário que vai andar pelo deserto com o povo hebreu até a Terra Prometida. O texto começa com a contabilidade das preciosidades que foram doadas, passa para a repetição de todos os detalhes da construção, pelas vestimentas dos sacerdotes e por fim pela consagração dos objetos e dos sacerdotes, por Moisés.


Escrevo hoje, 8 de março, dia que congrega muitas lutas femininas: é Dia Internacional da Mulher, Rosh Chodesh e 30 anos do movimento Nashot Hakotel. Esses marcos têm tudo a ver com a parashá de hoje.


Lembramos das parashot anteriores que mulheres e homens contribuíram com metais preciosos, pedras, lãs, tecidos, colorações e tudo o que foi necessário para a construção do Mishkan. Mulheres e homens, com sabedoria no coração (habilidade), que foram indicados para suas funções, e juntos trabalharam para execução da arquitetura divina de fazer um santuário para moradia de Deus. Mulheres e homens foram necessários para esta obra.


Mais ainda, lemos nesta parashá que tudo aquilo que foi construído em parceria e cooperação não se tornou automaticamente sagrado. Foi preciso uma intenção específica para que objetos, locais e pessoas se tornassem dignos de servirem a Deus. Não é a construção, o local, o objeto que é sagrado, mas a intenção que nele é colocado que o torna apto a ser utilizado para o serviço divino.


Hoje em Israel, o Kotel (que deveria ser o local mais sagrado para o judaísmo) tornou-se o palco de uma luta de mulheres com elas mesmas, homens com mulheres, seres entre seres, que se desumanizaram e tornaram aquele solo impuro ao se desrespeitarem mutuamente. No Dia Internacional da Mulher, as mulheres que estavam lá para marcar 30 anos de uma luta pelo direito de rezar em voz alta, usar talit e tefilin e ler da Torá, ou seja, expressar livremente seu judaísmo, foram obrigadas a se retirar do local por conta da raiva e fúria de ultra-ortodoxos. A polícia não protegeu, mulheres apanharam de homens, o sagrado se excluiu daquele lugar.


Eu rezo pelo dia em que não haja luta, em que o Dia Internacional das Mulheres não tenha significado, que eu e outras mulheres possamos rezar livremente como judias. Eu rezo pelo dia em que voltemos a construir santuários juntos, mulheres e homens; pelo dia em que juntos possamos consagrar nosso local de serviço religioso com intenção de corpo e alma.


Hoje não é feliz o Dia das Mulheres.

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