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Parashá Metsorá

A parashá desta semana, trata de diversas mudanças no corpo, impurezas e rituais de purificação. Começamos com os rituais de purificação do corpo, de objetos e de locais em virtude de tsaraat (erroneamente traduzida como lepra). Passamos então para “emissões” do corpo de homens e mulheres, que causam um estado passageiro e biológico de impureza, ligado ao sangue ou à semente humana. É interessante pensar que a união destes assuntos está localizada nas constantes mudanças pelas quais passamos ao longo da vida, pelos pequenos ciclos que compõem a nossa história.


Em especial, a parashá metsorá trata da emissão do sangue menstrual, a consequente impurificação ritual do corpo da mulher, e os rituais para a purificação do corpo após o período menstrual; ciclos. É muito importante lembrar que tanto o texto bíblico como seus comentários tratam do assunto sob a ótica patriarcal, masculina, sobre a menstruação e a biologia feminina. Também é importante contrabalancear nossa sensibilidade tendo em mente que o texto e seus comentários foram escritos em uma época em que a mulher menstruava por volta dos 14 anos, quando se tornava disponível para se casar, que passava por inúmeras gravidezes e que o hábito de época era a amamentação por 3 anos. Conhecendo o funcionamento do corpo da mulher, percebemos que não havia muitas oportunidades para as mulheres menstruaarem, muito diferente do que acontece em nossa realidade atual.


Faz-se necessário então a ressignificação, para os tempos modernos, do sangramento menstrual e sua importância na vida da mulher. Em um paralelo com o sangue do brit milá, a rabina Elyse Goldstein convida a pensar no sangue da menstruação como a renovação constante do pacto, do brit, da mulher com Deus. Ela nos convida a rejeitar a conotação negativa da menstruação, para explorarmos o lado sagrado e positivo da renovação constante, da possibilidade de procriar e criar a vida. Nós mulheres devemos deixar de olhar para nossos corpos como constante motivo de angústia. Está dentro de nós um poder que gera medo para aqueles que não compreendem a revolução corporal, hormonal e sentimental que é menstruar, engravidar, parir, amamentar.


O corpo da mulher pode ser o local mais difícil para a própria mulher encontrar o sagrado, como ensina Elizabeth d. Gray. Somente nós mesmas temos o poder e dever de reclamar nossa possibilidade de agradecer, a cada período menstrual, a profundidade do sentir através do útero, a beleza e a bênção de termos nascido mulheres.


Baruch Atá Adonai, Eloheinu Melech haolam, she assani Ishá.

ברוך אתה יהוה אלהינו מלך העולם שעשני אישה


Foto: vestimentas de mulher iemenita em nidá - Museu de Israel, Jerusalém.

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