A parashá que é nomeada como a vida de Sara, inicia com a informação de sua morte, e todas as implicações deste ocorrido. Chama a atenção que, a última vez que ouvimos falar de Sara foi ao desmamar Itzhak. No meio tempo seu filho quase é sacrificado, surgindo desta cronologia uma série de midrashim (histórias rabínicas) sobre a possibilidade de Sara ter morrido ao saber que o filho de sua velhice seria sacrificado.
O que sabemos da narrativa é que Avraham vela Sara, e depois faz questão de comprar a terra onde ela seria enterrada, a um preço bastante alto, sem fazer economias. Após dois eventos em que nosso patriarca entregou Sara para governantes locais, recebendo riquezas em troca, estaria Avraham, finalmente, fazendo sua tshuvá a Sara, sua companheira de vida?
Ao se dar conta do estágio de vida em que se encontra, Avraham passa a tomar medidas para sua sucessão: Envia seu servo para buscar uma esposa para Itzhak; distribui bens aos filhos de suas concubinas; e garante a sucessão de seu legado e sua herança a Itzhak.
Uma vez ouvi que, se nossa contagem de ancestrais fosse realmente igualitária, diríamos Avraham, Rivka e Yaakov. O comentário se referia à força dos personagens e sua influência no curso da história do povo judeu. Mas há fundamentos no texto bíblico para pensarmos de maneira similar. Enquanto Avraham ouviu de Deus “vá”, em Lech Lechá (Bereshit 12:1), Rebeka responde “vou” quando questionada acerca de sua vontade de ir à terra de Avraham, ser esposa de Itzhak. Outro paralelo de Rivka com Avraham é sua hospitalidade, demonstrada na maneira como acolhe o enviado de Avraham, mesmo sem saber de quem se trata, com a mesma pressa e dedicação que o patriarca dedica aos homens que o visitaram no início da parashá da semana passada. O último paralelo entre sogro e nora vem em forma de bênção: logo após a Akedat, o anjo diz a Avraham: “farei seus descendentes tão numerosos quanto as estrelas do céu e a areia da praia, e seus descendentes conquistarão as portas de seus inimigos”; Quando Rebeka deixa a casa de seu pai, seu irmão a abençoa: “Irmã, que você se torne milhões de milhares; que a sua descendência conquiste a porta de seus inimigos!”
Assim, uma esposa digna de sua linhagem é escolhida para o machucado e enlutado Itzhak. Mas a mágica do amor acontece: em sua chegada, Rebeka é vista por Itzhak, ela o vê também e se cobre. Ele a leva para a tenda de Sara, a toma por esposa e cura a dor que sentia pela perda de sua mãe. Finalmente, ou novamente, Itzhak se sente amado. Itzhak ama Rivka.
O amor alimenta e dá eternidade à vida. Não importa qual tipo de amor: materno, conjugal, entre amigos. Através do amor de Itzhak e Rivka vivido na tenda de Sara, a vida continua, se alimenta, se renova. Através do amor de Itzhak, seguem as vidas – chaiei – de Sara.
Neste shabat, voltemos nossas energias para aqueles que amamos. Que sejamos abençoados com a capacidade de amar.
Shabat Shalom.
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