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Parashat Vaigash - Bereshit 44:18 – 47:27

Esta semana lemos a parte final do reencontro de Iossef com seus irmãos e seu pai. Lemos sobre a realização dos sonhos iniciais de Iossef, que o levaram, literalmente, ao fundo do poço, e depois ao Egito, onde ele se tornou poderoso. Lemos sobre provas e desafios frios e calculistas de Iossef, mas também lemos sobre seus encontros emocionados e calorosos, repletos de abraços e choros.


וַיִּפֹּ֛ל עַל־צַוְּארֵ֥י בִנְיָמִֽן־אָחִ֖יו וַיֵּ֑בְךְּ וּבִ֨נְיָמִ֔ן בָּכָ֖ה עַל־צַוָּארָֽיו׃

וַיְנַשֵּׁ֥ק לְכל־אֶחָ֖יו וַיֵּ֣בְךְּ עֲלֵהֶ֑ם וְאַ֣חֲרֵי כֵ֔ן דִּבְּר֥וּ אֶחָ֖יו אִתּֽוֹ׃

Ele abraçou seu irmão Benjamim pelos pescoços e chorou, e Benjamim chorou em seu pescoço. Ele beijou todos os seus irmãos e chorou sobre eles; só então seus irmãos puderam falar com ele.


É interessante o uso no texto bíblico do plural de pescoço quando Iossef abraça seu irmão. De acordo com o Reb. Naftali Zvi Yehuda Berlin (1816-1893), também conhecido como Netziv, “Ele caiu em seus pescoços: Em ambos os lados do pescoço, ele caiu de um lado do pescoço e depois do outro lado por muito amor.” Essa ideia de um amor gigante entre irmãos, que gera um abraço emocionado e entregue, é linda, e me marcou durante a leitura desta semana.


O abraço vem logo após o momento em que o sonho de juventude de Iossef se torna realidade. Mas ele é um homem mudado, marcado por sua história de quedas e subidas. Como ressalta o rabino Hanan Schlesinger, “Quando seus irmãos estão prostrados diante dele como muitos feixes de trigo, o sonho juvenil de Iossef agora é realidade. Mas não é como ele pensou que seria. O que há tantos anos parecia ser uma promessa certa de poder e prestígio é completamente reformulado. Seu é o único feixe de trigo que ainda está de pé, e sobre ele é lançado o fardo de cuidar do sustento de toda a família extensa. Os feixes circundantes não são tão subservientes a ele quanto dependem dele para sua própria sobrevivência.”


Sonhos nos alimentam de expectativas, às vezes guiam nossos passos, determinam nossos objetivos; outras nos deixam esperando por acontecimentos que nem sempre compreendemos. Por vezes é preciso evoluir e mudar para ver o sonho acontecer, mas também há sonhos que se tornam realidade quando menos esperamos.


Iossef provavelmente já não lembrava de seu sonho, deixado no passado, enterrado e esquecido. Na nova vida de Iossef não cabia aquela bagagem. Quando menos esperava, o sonho veio em forma de realidade, e trouxe com ele todos os sentimentos há tanto tempo deixados de lado: o amor do pai, a relação com os irmãos, os erros que precisavam ser reparados.


“Toda a história de Iossef e seus irmãos sempre foi apenas sobre o amor de Iaacov. Iaacov amava mais a Iossef. Os irmãos não conseguiram lidar com isso... E, vivem na conspiração do silêncio da violência familiar, por muito tempo.” Propõe o Prof. Rabino David R. Blumenthal. “A verdadeira dor na violência fraternal é a dor que os filhos causam aos pais, mesmo que seja pelo ato irracional de favorecer um filho em detrimento de outro.” Assim, no momento em que Judá reconhece sua responsabilidade, Iossef também reconhece que não pode se manter anônimo para seu pai e seus irmãos. É chegada a hora da realização do sonho, e a verdade tem um sabor completamente diferente daquele que Iossef havia previsto.


Chegamos ao final do ano civil. Um momento auspicioso para olhar para trás, reconhecer erros e acertos, agradecer bênçãos e reparar enganos. Um momento para nos enchermos de esperanças acerca do futuro, o que somente pode acontecer se nos entregarmos às nossas emoções, aos abraços e às lágrimas, e jamais deixarmos de sonhar.


Que 2023 venha com sonhos realizados, abraços e muito amor.


Shabat shalom!


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