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Parashat Vaieshev - Bereshit 37:1 – 40:23

Vaieshev é a parashá conhecida por todos os sonhos de Iossef. Os sonhos que fizeram com que ele fosse vendido a mercadores por seus irmãos, os sonhos que mantiveram Iossef vivo, que ajudaram sua sobrevivência na prisão. Mas é em Vaiseshev que encontramos a história de Tamar, nora de Iehudá. Um interlúdio na história detalhada da vida de Iossef, para contar a história de uma mulher forte e determinada, uma das ancestrais do Rei David.


A história de Tamar começa com o casamento de Iehudá com uma mulher sem nome, filha de Shua, um homem canaanita. O casal tem dois filhos: o primeiro, nomeado por Iehudá, por ser seu herdeiro, e outros dois, nomeados por sua mãe. Para este primeiro filho, Iehudá escolhe uma esposa: Tamar.


Mas o filho mais velho de Iehudá morre, por desagradar a Deus, deixando Tamar viúva e sem filhos. O segundo filho, obrigado a casar-se com Tamar, se recusa a engravidá-la, e também morre sem deixar filhos. Tamar deveria então se casar com o terceiro filho de Iehudá, mas marcada pelo falecimento de seus dois primeiros maridos, Iehudá teme casar seu terceiro filho com ela, e a envia para a casa de seu pai, para viver acorrentada ao status de viúva até que o terceiro filho venha a cumprir sua obrigação de levirato.


Tamar se dá conta da situação desesperadora em que se encontra, e se levanta de seu luto, para lutar por seus direitos. Ela luta com as armas que pode e conhece. “Enquanto Iossef tem o apoio de Deus e a habilidade de interpretar sonhos, Tamar exerce seu único ‘poder’ – a capacidade de engravidar e dar à luz. Parece não haver nenhum ‘herói de proporções bíblicas’ para ajudar Tamar.”[i] Tamar conta com o apoio de sua família que a recebe de volta, de seu povo que avisa da vinda de Iehudá para que ela faça seu plano e para que ele seja frutífero.


“A ideia de que a redenção de Judá vem na forma de uma mulher quebrando todas as regras do patriarcado - não menos consagradas na história narrativa do povo de Israel e seu deus - deve causar curiosidade até mesmo ao leitor de mente mais aberta.”[ii] Assim, Tamar se veste de prostituta, se coloca no caminho de Iehudá que decide dormir com ela. Tamar engravida, é enfrentada por Iehudá, mas ela prova que foi ele, seguindo seu impulso sexual, que a engravidou, e cumpriu com a obrigação de sua família de prover um filho a ela, garantindo a continuidade da linhagem do próprio Iehudá, que mais adiante, no texto bíblico, encontrará com a história de Ruth, gerando a linhagem do Rei David. Um nobre desfecho para Iehudá.


Tamar, cujo nome evoca a palmeira que ilustra a ideia de retidão e integridade, cujas raízes se espalham por baixo da terra, gerando uma base forte, apesar de invisível, age de acordo com sua referente botânica. Ela garante que Iehudá aja com integridade e assuma sua responsabilidade, ela gera um futuro para a linhagem de Iehudá, e gera bases fortes para todo um povo.


Tamar nos ensina que é preciso levantar, utilizar de todos os nossos recursos e contatos, aplicar inteligência e cautela, e não nos entregarmos à tristeza, ao abandono, à solidão. Tamar nos ensina a agir ao invés de nos conformarmos com a injustiça.


Que possamos aprender com Tamar, que possamos sempre achar forças para levantar a cabeça e continuar a caminhar com retidão e integridade.


Shabat Shalom.


[i] Cantor Sara Geffen Geller em seu comentário para (M)oral Torah. [ii] https://www.thetorah.com/article/her-name-was-tamar-invasive-destructive-redemptive

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