top of page

Parashat Vaicrá - Vaicrá 1:1 – 5:16

Chegamos novamente ao desafiante livro de Vaicrá – Torat haCohanim – o livro de regras para os cohanim, o que significa que leremos várias parashiot sobre korbanot (tradicionalmente traduzidos como sacrifício). Sangue aspergido, gordura animal, tantas outras imagens intensas e aromas agradáveis para Deus. O grande desafio da comentarista é encontrar sentido, alguma mensagem que desperte a alma entre tantos atos que já não conversam com nossa maneira de praticar judaísmo.


A primeira frase que me saltou aos olhos na leitura da parashá esta semana foi o temperar, ou salgar, as ofertas de farinha feitas no Templo. “Você deve temperar todas as suas ofertas de farinha com sal”.[1] Uma ideia de que, mesmo que nosso conceito de Deus nos faça compreender que não haverá um real consumo daquela oferta pelo Divino, que aquele é um ato de aproximação simbólica, é preciso dedicar-se da melhor maneira possível, fazer da maneira mais cuidadosa e caprichada cada oferta.


Esta ideia conversa completamente com a forma que fazemos hoje nossos serviços religiosos. Devemos fazer da maneira mais caprichada e bonita possível. Porque temos uma comunidade para liderar e guiar através da tfilá, porque ao nos comunicarmos com Deus, esta conversa deve ser muito especial: em prosa, em verso, em ritmo.


O segundo versículo que me chamou atenção fala acerca do voto, do juramento: “quando uma pessoa profere um juramento para um propósito bom ou mau”[2]. A discussão que este versículo gera, tanto nos versículos posteriores como nos comentários acerca dele, giram em torno da seriedade de se proferir uma promessa, não importa sobre qual assunto, do mais banal ao mais importante. Aqui encontramos a sacralidade da palavra, a importância que cada ideia que proferimos tem.


Voltamos para a importância da tfilá. Da importância de saber o que estamos falando e porque, de rezarmos aquilo que realmente acreditamos, e não somente um texto pré-definido que não concorde com nossos valores morais. Porque o que prometemos, o que reconhecemos com a palavra proferida, tem um impacto no outro, nas nossas relações com a Energia Divina que habita nosso mundo. Saber o que falamos em nossas rezas e colocarmos intenção nas palavras que proferimos faz com que nossa tfilá seja ainda mais especial. Por outro lado, falar o que não concordamos, só faz com que nossa reza seja um juramento em vão, uma energia desperdiçada, nada divina.


Que neste shabat, que inicia o livro de Vaicrá, possamos encarar os desafios de nossos textos, estudar os significados de nossas palavras, colocar intenção em nossas rezas, e então, um sabor a mais, com uma pitada especial de sal.


Shabat Shalom!

[1] Vaicra 2:13 [2] Vaicra 5:4

13 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page