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Parashat Vaerá - Shemot 6:2 – 9:35

Em Vaerá Moshé, recém-chegado de volta ao Egito começa sua interação com o Faraó, o que leva às primeiras pragas. Alguns detalhes, que parecem pequenos, desta parashá chamam atenção. O primeiro é que as pragas são coletivas, sangue, sapos e piolhos atacaram egípcios e hebreus. Mas a partir da quarta praga, os hebreus são poupados, e somente os egípcios sofrem com elas. Até a sexta praga o Faraó que decide não ceder aos hebreus, mas a partir da sétima praga, Deus endurece o coração do Faraó.


O que é e o que causa um coração enrijecido? O texto bíblico entende o coração como o centro do pensamento. Assim, para o texto bíblico, a expressão poderia ser interpretada como teimosia. O que hoje chamamos de cabeça dura. Modernamente, entendemos o coração como representante da emoção, e então um coração enrijecido pertenceria a uma pessoa má. Nem sempre as duas características andam juntas, mas uma pessoa má e teimosa pode ser capaz de não ligar para sua população, para todo o sofrimento de seu povo, somente para provar seu poder. Fomos ensinados a pensar assim do Faraó. Mas, como lidar com o fato de que, em Vaerá, Deus também é assim?


“O endurecimento do coração de Faraó por Deus, que remove do Faraó a possibilidade de capitulação à vontade de Deus ou arrependimento, levanta compreensivelmente a questão da reciprocidade ética e consequências justas.” Propõe o rabino Shaul Magid, em especial, se levarmos em consideração que todos os humanos são igualmente criados à imagem divina, e o endurecimento do coração do Faraó por Deus tem como objetivo mostrar o poder Divino a todos os povos.


Maimônides propõe que as ações do Faraó, baseadas em seu livre arbítrio levaram à sua punição, à perda do livre arbítrio. Neste mesmo sentido, encontramos outras fontes posteriores que tratam das consequências incalculáveis para ações calculadas. A natureza das nossas ações implica na natureza de suas consequências, como propõe a rabina Danya Ruttenberg: “Quando fazemos a escolha de nos afastar do sofrimento, quando nos envolvemos na ação de nos afastar da dor dos outros, impactamos nossa vida interior - nosso próprio coração é endurecido, nos afastamos do divino e de nosso próprio eu mais sagrado.”


Quando o coração endurece tomamos decisões duras, que até podem parecer racionais; pode haver um plano por trás destas ações. No entanto, a cadeia de consequências que estimulamos por conta desta ação pode ser incalculável, em um efeito dominó que não podemos interferir posteriormente. A lição que aprendemos com o Faraó é de que o livre arbítrio funciona na ação disparadora, mas pode ser perdido na corrente que se forma por conta desta ação. As consequências de nossos atos não nos pertence, mas nos atinge. Mormente, a teshuvá, o arrependimento sincero, pode não ser suficiente para reverter os danos causados pela enxurrada que disparamos.


Parar, pensar, relaxar razão e emoção e acessarmos nossa inclinação para o bem antes de tomarmos uma decisão que pode gerar consequências irreparáveis para nós mesmos e para os outros é uma das lições que podemos aprender da parashá Vaerá.


Que possamos relaxar nossos corações e nossas ações.


Shabat Shalom.

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