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Parashat Toldot - Bereshit 25:19-28:9

A parashá que conta a vida familiar de Itzhak mostra uma família com muitas questões não resolvidas, com relacionamentos complexos.


Começamos com Itzhak rezando para que Rivka engravide. Diferente das outras matriarcas que pedem para ter filhos, Rivka não faz este pedido. Ao contrário: ao se ver grávida reclama dos filhos que “brigam” em seu ventre. Esta passagem me remete ao questionamento sobre o direito de uma mulher escolher ter filhos. Somos criados com o estigma de que toda mulher deve querer ser mãe. Mas há mulheres que se vêm neste lugar de nossa matriarca, que parece ser uma mulher forte, determinada e dona de suas ações, mas que não buscava a maternidade.


Quando, então, são abençoados com dois filhos, imediatamente Itzhak e Rebeka se dividem: Itzhak gosta de Esav, Rivka gosta de Iaacov. Duas vezes Iaacov busca sua ligação com o pai: na primeira, “comprando” de seu irmão a primogenitura, por um prato de cozido vermelho. Na segunda, com a ajuda e instrução de sua mãe, buscando a bênção em lugar de seu irmão, e enganando o pai.


Uma passagem triste em todos os sentidos: Rivka que não somente engana o marido, cego e moribundo, mas lidera o filho em um esquema pelo poder. Iaacov, provavelmente buscando um pedacinho de carinho do pai, que segue com e esquema da mãe, mente ao pai e rouba a bênção de seu irmão. Itzhak, que não confia em seus instintos, e abençoa Iaacov como se fosse seu primogênito.


No entanto, o mais triste é o diálogo entre Itzhak e Esav, quando o filho sabe da bênção de seu irmão, pede outra bênção ao pai, que diz não ter mais como abençoá-lo. Um pai que tem somente uma bênção, não tem a possibilidade de dar seu melhor a dois filhos, e Esav implora a seu pai: “Você só tem uma bênção, pai? Me abençoe também!”. Este pai, que tem somente uma bênção, é aquele que pediu filhos em nome de sua esposa!


Esta família, que é basal em nossa tradição, se mostra bastante disfuncional. Uma família que não se fala, que não se entende, que não trabalha junta. Uma família dividida. Penso que, talvez, se ambos os filhos fossem de Rivka e Itzhak, se o casal junto tivesse cuidado pelo crescimento e educação de seus filhos, se, desde o início, Itzhak tivesse ouvido Rivka, suas vontades e seus desejos, talvez tivéssemos contado a história de uma família que construiu, se multiplicou e construiu de maneira feliz dois povos, que viveram em paz para sempre. Talvez, se Itzhak tivesse construído uma família unida, ele tivesse mais de uma bênção, porque então teria amor para dar a mais de um filho.


Mas, nossos patriarcas e matriarcas não são perfeitos. Eles nos trazem lições de que podemos ser grandes mesmo errando no caminho. Eles nos fazem refletir e aprender com os erros deles, para podermos optar por caminhos melhores.


Que saibamos ouvir os membros de nossa família, que saibamos respeitar seus desejos e suas diferenças, e que possamos ter muitas bênçãos para dar e receber.


Que seja um shabat de muitas bênçãos!

Shabat Shalom

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