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Parashat Terumá - Shemot 25:1 – 27:19

Na parashá Terumá os israelitas são chamados a contribuir com presentes de seus corações para criar uma morada para Deus. Cada detalhe de como será este Mishkán (Tabernáculo) e como deve ser feito é minuciosamente explicado no texto desta parashá. O Tabernáculo inclui uma arca, dois querubins, cortinas e uma menorá. Os israelitas, que antes eram escravos e construíam para os outros, agora farão parte de uma construção que será para seu próprio uso, para abrigar a sua espiritualidade.


O texto é um emaranhado de detalhes para o projeto do Mishkán que os antigos israelitas carregaram e usaram no deserto, e nas plantas está a instrução de que sobre a arca na qual as Tábuas da Aliança serão colocadas, com dois seres míticos, cherubins, se entreolhando, frente a frente. Tábuas, tecidos, argolas, a descrição extremamente detalhada da Menorá. Os detalhes são tão complexos que é fácil desesperar de alguma vez visualizá-lo corretamente.


Ao interpretar a parashá desta semana, a impressão é de que a tarefa seria encontrar santidade na leitura de um projeto arquitetônico, um manual de montagem de móvel. No entanto, talvez haja sim, diversas mensagens escondidas neste manual. Uma mensagem importante para um povo que acabou de encontrar a liberdade, e talvez não saiba o que fazer com ela, como agir quando não há alguém que diariamente e a todo momento te diga o que fazer. Planejar é a lição. Planejar detalhadamente a construção, a montagem, a desmontagem, e sonhar com a consequência divina daquilo que será construído.


“A Arca, então, não é uma plataforma para Deus coroada por dois ídolos, mas um modelo complexo de relacionamento divino. Deus habita entre nós quando construímos relações fundadas na moralidade e centradas no encontro. O Mishkán, da mesma forma, é um modelo. A Arca está em seu núcleo, representando um relacionamento justo, e o Mishkán coloca esse relacionamento no contexto de um edifício, uma instituição. Para a nação nascente de Israel, o Mishkán e sua Arca não eram apenas o local do serviço religioso, mas também a sede do legislativo, da resolução de conflitos e até mesmo de decisões militares. Não é suficiente lutar por relacionamentos corretos individualmente ou mesmo dentro de nossas próprias casas – o Mishkán nos desafia a construir nossas instituições mais importantes neste mesmo modelo.” É o que propõe o educador Evan Wolkenstein.


Planejar detalhadamente a construção de um novo futuro, em que o encontro, a relação pessoal seja o núcleo mais importante, e que a moralidade e entrega deste encontro se espelhe e espalhe para círculos maiores de convivência até chegar à organização da sociedade como um todo, foi o maior projeto do povo Israelita no deserto. Este projeto nasceu com a construção do Mishkán.


Esta construção somente foi possível com a contribuição sincera de cada um, pessoalmente. Movidos pelo coração, os israelitas entregaram não somente os objetos necessários para a construção deste Mishkán, mas também suas habilidades pessoais, suas capacidades individuais.


O rabino Bradley Shavit Artson propõe a seguinte lição nesta parashá: “Cada um de nós tem algum talento ou dom especial que é nossa força única. Não importa o quão especial as outras pessoas possam parecer, você é capaz de trazer sua perspectiva, percepção e talentos únicos em uma combinação que ninguém mais pode reproduzir. Cada um de nós, à sua maneira, pode acrescentar algo insubstituível à trama luxuosa da humanidade. Cada pessoa individual, como cada fio brilhante, torna o tecido muito mais brilhante e durável. Ninguém pode substituir você. Talvez seja também por isso que a Menorá tenha tantas luzes. Cada uma das sete luzes brilha em sua própria singularidade. Na verdade, a única coisa que pode tornar uma menorá ritualmente inadmissível é se as luzes não estiverem todas no mesmo nível – exatamente igual – de modo que duas luzes não possam ser confundidas como uma. Assim também, o Talmud instrui que nenhuma réplica da menorá do Templo pode mais ser feita ou exibida. Talvez isso também seja uma afirmação da importância de cada indivíduo.”


A santidade, então, é construída em cada pequeno detalhe, planejado e executado com o coração, e com as características individuais de cada um que se envolve na tarefa sagrada de construir um Mishkán. Para nossas vidas diárias, aprendemos que construímos espaços sagrados quando estabelecemos relações pessoais que nos propiciem enxergar a beleza da individualidade de cada um. Quando juntos nos entregamos ao planejamento, à construção de cada detalhe, com o melhor que temos a oferecer, de coração.


Shabat Shalom.


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