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Parashat Noach - Bereshit 6:9-11:32

O livro de Bereshit tem pressa. Ele funciona como uma introdução à história de como o nosso povo se formou, desde a criação do mundo. Nesta imensidão de histórias, de detalhes, personagens, grandes e pequenos acontecimentos, é preciso deixar a parashá falar com a alma para escolher qual assunto tratar.


Esta semana foi uma frase que chamou minha atenção. Na verdade, uma imagem, traduzida de uma frase misteriosa: “צֹ֣הַר תַּעֲשֶׂ֣ה לַתֵּבָ֗הTsohar taassê laTeivá” traduzido pela JPS[i] como “Faça uma abertura para a luz na arca”. Por que uma arca, feita para enfrentar dias escuros de tempestade e destruição do mundo necessita de uma janela, fresta ou abertura, para que a luz do dia entre?


A ideia de que mesmo os dias mais escuros, mais tempestuosos, podem oferecer uma luz, traz em si esperança. Não importa o quanto pareça que o mundo está acabando, se você abrir uma brecha para a luz entrar, ela estará lá. Mas é preciso construir esta abertura.


“Alguns dizem que era uma janela; outros dizem que foi uma pedra preciosa que lhes deu luz”[ii], explica Rashi acerca da palavra “tsohar”, que só aparece neste lugar da Torá. Os sábios exploram a ideia de algo que poderia trazer a luz para a escuridão da tempestade, e o desenvolvimento desta ideia leva a um novo significado para a palavra “teivá”, traduzida como arca, mas que pode significar palavra. Então somos levados a trazer luz, preciosidade, às nossas palavras.


Seguindo este mesmo raciocínio, o rabino Elie Kaunfer sugere que esta palavra, que traz luz e esperança seja a tefilá: “As palavras da oração podem brilhar quando saem de nossa boca.”.


Hoje, quando acabei minha tefilá matinal, o Paulo me perguntou “acabou de rezar e todos estão curados?” respondi que não rezo para curar as pessoas, mas para ter a força e a determinação para encarar os desafios do dia, assim, posso ajudar os outros a ficarem bons, ou enfrentarem os seus próprios desafios. Rezo por mim, para mim, por minha conexão com a Shechiná.


Esta semana, os indianos comemoraram o Diwali, a vitória do bem contra o mal, da luz contra a escuridão. Uma amiga muito especial enviou um texto lindo sobre esta celebração, em que ela explica: “O mal que devemos vencer está dentro, o bem que vence também está dentro, devemos acender o bem, devemos acender nossa própria lâmpada e depois espalhá-la.”


A luz que entra desde a escuridão para iluminar o interior da arca traz a imagem da esperança, que por sua vez alimenta a joia que brilha dentro da arca de cada um de nós, produzindo palavras que nos iluminam e iluminam aqueles que estão ao nosso redor. Nossa energia e intenção deve ser propagadora de luz, do bem.


Que neste shabat possamos abrir uma fresta para a luz entrar, que possamos nos iluminar com boas energias, e possamos espalhá-las com a intenção ensinada pelo sábio Baal Shem Tov[iii]: “Veja que você ilumina a palavra que sai da sua boca.”


Shabat Shalom!



[i] JPS – Jewish Publication Society, The Contemporary Torah (em inglês, versículo traduzido livremente ao português por mim). [ii] https://www.sefaria.org/Genesis.6.16?lang=bi&with=Rashi&lang2=en [iii] Pillar of Prayer, 17

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