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Parashat Nitzavim - Devarim 29:9-30:20

Este é o último Shabat antes de Rosh haShaná. Um momento importantíssimo de nosso calendário, os momentos finais antes de nos apresentarmos diante de Deus, em comunidade, para uma reflexão profunda acerca de nossos atos neste ano que se encerra.


"Pelo amor de Tsion, não vou ficar parado,

e por causa de Jerusalém eu não vou ficar quieto,

até que seu triunfo emerja como esplendor

e sua libertação queime como uma tocha”


Lemos na haftará desta semana, a última das sete haftarót de consolo após Tishá beAv. De acordo com a leitura da acadêmica Bex Stern Rosemblatt, “Deus e Israel finalmente respondem um ao outro, recusando-se a ficar em silêncio. Cada um deles se comunica com as mesmas palavras, conseguindo juntos a restauração de Jerusalém.” Finalizamos assim a trajetória de Tishá beAv a Rosh haShaná com um tom triunfante: Jerusalém é nossa novamente, estamos em casa.


O texto que lemos na Torá, a parashat Nitzavim, também tem um tom positivo. Prestes a entrar na Terra Prometida, todo o povo, homens e mulheres, de todas as classes sociais, todas as idades, inclusive o estrangeiro que vive entre nós, se colocam ativamente diante de Deus para reafirmar o pacto estabelecido no Sinai. Desta vez, quarenta anos mais tarde, é um povo renovado, que não foi cativo, que afirma o pacto. Se os cativos libertos responderam “naassê ve nishmá” “faremos e ouviremos”, a geração renovada, que nasceu em liberdade, ouve um dos trechos mais libertadores e ao mesmo tempo de maior responsabilidade do texto bíblico:


“Com certeza, esta Instrução que eu lhe ordeno neste dia não lhe é desconcertante nem está além do alcance. Ela não está no céu, para que você diga: ‘quem dentre nós pode subir aos céus, apropriar-se dela por nós e transmiti-la para que possamos cumpri-la?’ Nem está além do mar, para que você diga ‘quem dentre nós pode atravessar o mar, apropriar-se dela por nós e nos transmiti-la, para que possamos cumpri-la?’ Não, ela está bem perto de você, na sua boca e no seu coração para cumpri-la.”


Lo Bashamaim hi” – uma vez entregue, a Torá pertence então ao povo. No judaísmo não utilizamos de intermediários para o estudo da Torá, pelo contrário, o estudo da Torá é incentivado como uma das maiores responsabilidades de toda judia e todo judeu. O estudo é a base para a prática significativa, para se apropriar, transmitir e cumprir seus preceitos.


Essas palavras implicam que o texto da Torá é perpetuamente relevante, autêntico, significativo e acessível. Com a diversidade abundante das comunidades judaicas, é natural que haja uma abundância igual de ideias de como o Judaísmo deveria ser hoje e como devemos evoluir para o futuro. A tradição judaica baseada na Torá é, na verdade, muito adepta e inclinada a evoluir, desde sua entrega no monte Sinai, até os dias de hoje. Evolução não significa necessariamente abandonar costumes e leis passados; significa que as práticas religiosas, e nossa compreensão delas, crescem junto com a cultura e a ciência, se adaptam às práticas, conhecimentos e morais do tempo e lugar onde estamos.


Não basta olhar para o passado para entender como manter um Judaísmo relevante e autêntico, uma Torá eterna, por assim dizer. Também não devemos pensar somente no futuro e nos perguntar se estamos empregando uma linguagem e uma visão de mundo consistentes com uma visão de mundo que possibilitará as gerações futuras a continuarem conectadas ao Judaísmo. O futuro do judaísmo não está na manutenção estática de nossas práticas, e também não está no apagamento de nossa tradição.


O futuro reside na natureza evolutiva e adaptativa da sabedoria, cultura e religião judaicas; está intimamente ligada com a ideia da Torá estar perto de nossas bocas e corações. O que significa uma prática coerente do judaísmo em que nossos atos, nossos pensamentos e nossos sentimentos estejam completamente conectados com nossa prática judaica.


Ao nos colocarmos juntos, em pé, na sinagoga ou em casa na segunda-feira à noite, reafirmamos o pacto feito por nossos antepassados com Deus. Entramos nós mesmos em um novo ciclo deste pacto, assumindo a responsabilidade de sermos guardiões dos ensinamentos da Árvore da Vida. Cabe a nós mesmos subir aos céus ou atravessar o mar em estudos, apropriação, transmissão e vivência de nosso judaísmo em todos os nossos dias.


A Torá está ao nosso alcance, bem perto de cada um de nós, em nossas bocas e corações, para vivermos através dela.


Shabat Shalom!

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