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Parashat Itro - Shemot 18:1-20:23

A parashá desta semana começa com o sogro de Moshé vindo ao encontro do acampamento dos Bnei Israel, trazendo a esposa e filhos de Moshé. O momento do encontro entre genro e sogro é claramente respeitoso e caloroso. Itro se encanta com o que vê, com o tanto que seu genro evoluiu e conquistou, com o lugar de liderança que ocupa. O sogro, que é um líder espiritual de seu povo, faz uma oferta a Adonai, em reconhecimento por todas as maravilhas que ocorreram para a libertação do povo, e dá conselhos importantíssimos a Moshé. Conselhos que são válidos até os dias de hoje. A parashá continua com o momento mais importante da narrativa do êxodo, que é o recebimento dos Asseret haDibrot, conhecidos em português como Os Dez Mandamentos.


Esta semana li em um comentário que o shabat da parashat Itro deveria ser considerado o dia judaico do sogro. A comentarista sustentava que Itro é o exemplo do sogro que apoia, se orgulha, e ocupa um lugar de figura paterna na vida de seu genro. Ela mesma tem um sogro que a acolheu como filha e como judia, em uma nova família e uma nova fé. O convite é interessante, ainda mais se considerarmos que nesta mesma parashá somos ordenados a respeitar nossos pais.


Declarar o shabbat Itro dia do sogro, seria desrespeitoso para com nossos próprios pais? Como filha de pais separados, muitas vezes me perguntei se meu carinho pela segunda esposa do meu pai seria desrespeitoso para com minha mãe. Mas, em verdade, a Beth faz tanto bem para minha relação com meu pai, e tem um lugar tão especial no meu coração, que não posso acreditar que seja desrespeitoso para com minha mãe. Cada uma tem seu lugar na minha vida, e cada uma tem seu carinho, admiração e respeito no lugar que elas ocupam.


Da mesma forma deve acontecer com o respeito e carinho ao sogro. É um novo lugar na relação familiar sendo criado. Nossos sogros são o ponto inicial da pessoa que escolhemos para compartilhar a vida. Qualidades (e defeitos) com os quais decidimos conviver têm sua raiz na educação que nossos companheiros e companheiras receberam em casa. Reconheçamos também o enorme desafio de sermos recebidos em uma nova família que não nos escolheu, mas que tem que nos absorver. Um desafio que hoje me é muito mais palpável do que quando me casei. Lembro claramente do dia do meu noivado, quando meus sogros falaram que daquele momento em diante eu seria como uma nova filha para eles. O carinho foi lindo, indicava uma decisão de fazer o esforço necessário para me fazer ser parte daquela família.


Entrar em uma nova família seria desrespeito aos meus pais? Não. Filhos crescem e adicionam famílias na equação, para criar deles mesmos novas famílias, e assim a árvore da vida vai criando ramos, flores e frutos. Pru urvu, crescemos, multiplicamos, e espalhamos os ensinamentos que recebemos. Ao fazermos isto, ao ensinarmos nossos próprios filhos o que aprendemos de nossos pais e de nossos sogros estamos praticando amor e respeito aos nossos pais e aos pais que nos receberam em suas famílias.


Que seja o shabat Itro o dia judaico do sogro[1]. Portanto, reconheço a bênção de ter um sogro que leva a sério a missão de ser patriarca de sua família. Que ensinou ao seu filho que ele deve me tratar bem. Que é generoso, presente, protetor, sincero (às vezes até demais!). Que me recebeu dentro da sua família com carinho, mesmo eu tendo ideias tão diferentes das dele. Obrigada!


Que possamos celebrar o lugar de onde viemos, transmitir nossas heranças culturais para as gerações vindouras, e reconhecer as bênçãos que temos com amor e respeito.


Shabat Shalom!


[1] Para as sogras, deixo já a dica que há um chag inteiro para elas (um dia eu espero entrar nesse time): Shavuot, quando lemos a história de Naomi e Ruth.

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