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O segundo dia de Chag fora de Israel – Iom Tov Sheni shel Galuiot

Hoje, sexta-feira 26 de abril de 2019, é o sétimo dia de Pessach. Em Israel, hoje à noite, haverá chalá na mesa do shabat. No entanto, em muitas mesas da diáspora, haverá matsá. Para a diáspora Pessach dura 8 dias, conforme o Talmud.


Por que este dia a mais? Yom tov sheni foi estabelecido pelos rabinos do Sinédrio no período do Segundo Templo, aproximadamente 2.000 anos atrás, e é observado até hoje por judeus ortodoxos e conservadores, tendo sido abdicado pelo movimento reformista em 1844. De acordo com o Talmud, em Beitzah 4b, a prática de observar um dia adicional de Iom Tov na Diáspora (Iom Tov Sheini Shel Galuiot) se originou nos tempos em que um Beit Din (tribunal rabínico) estabeleceria o novo mês baseado em uma testemunha ocular da lua Nova. A mensagem da chegada da nova lua muitas vezes demorava muito tempo para ser comunicada às comunidades da diáspora, então foi decidido que essas comunidades observariam um dia adicional de Iom Tov.


Esta observância, bem como os limites dela, vem sendo discutida até os dias de hoje, desde este mesmo tratado do Talmud, onde os sábios discutem se esta decisão é um costume ou um mandamento rabínico, uma vez que o novo mês já não era estabelecido com base em testemunhas, mas o calendário já era fixo e conhecido por todos. Hoje em dia, com todos os aparatos eletrônicos, apps, sites e mídias sociais, não há como perder um chag. “Nós, judeus reformistas, respeitamos os costumes de nossos ancestrais; nós não os descartamos com desprezo, desdém ou por nenhuma boa razão. Mas quando esses costumes não servem mais aos propósitos para os quais foram adotados, não faz sentido insistir que sejam mantidos apenas porque são costumes ancestrais.” Responsa CCAR 5759.7.


A maior consequência, a meu ver, para o segundo dia de Iom Tov nos dias de hoje é um distanciamento de nossas comunidades locais das comunidades Israelenses (além das comunidades reformistas do mundo, que aderiram àquele calendário há muitos anos). Neste final de semana, em Israel e comunidades reformistas, é lida a parashá Acharei Mot, enquanto na diáspora, em comunidades ortodoxas e conservadoras, a leitura é do trecho referente ao oitavo dia de Pessach: Deuteronômio 15: 19-16: 17, que lida com uma variedade de leis e uma descrição abrangente dos três festivais de peregrinação. A leitura da Torá só será igualada entre a diáspora e Israel em 27 de julho.


O que é mais importante hoje, para a comunidade judaica mundial: observar um preceito antigo cujos motivos já não são mais existentes, ou reforçar o sentimento de que somos todos um único povo e reiterar nosso sentimento de Klal Israel? Como bem ensina a rabina Ruth Adar, Klal Israel significa "Todo Israel". Klal Israel inclui tanto os meninos da yeshivá como as Nashot hakotel em Jerusalém, os judeus de casamentos interculturais e os Chabadniks em Los Angeles, o totalmente secular e totalmente Satmar em Nova York. Inclui os judeus de Singapura, Nashville e Auckland, os judeus de Buenos Aires e do Brasil.


Minha sinagoga ficará desconectada da Torá de Israel até o dia 27 de julho, mas o meu pessach acaba hoje ao final do dia, porque entendo que somente quando agirmos como um único povo obteremos a força e a união necessárias para encarar o mundo, para sermos respeitados como Klal Israel.

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