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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Mikets - Bereshit 41:1-44:17

Miketz inicia com o último par de sonhos da história de Iossef, os sonhos do Faraó. A interpretação destes sonhos leva Iossef a ocupar uma posição de muito poder em Mitsraim. Estabelecido, casado com Asenath, filha de Poti-phera, sacerdote egípcio, Iossef teve dois filhos, Efraim e Menashe, se vestia como egípcio e era o responsável pelo sistema de produção e distribuição de comida em Mitsraim. Com a fome espalhada, Iaacov envia seus filhos, menos Benjamim, o mais novo, para buscarem comida em Mitsraim, e com isto os irmãos se reencontram. Iossef reconhece seus irmãos, mas eles não o reconhecem. Em minha leitura, a parashá conta o meio da história de crise de irmãos entre os 12 filhos de Iaacov.


Esta relação entre irmãos é muito explorada ao longo do texto bíblico, como provocou meu amigo Raul no minián e estudo de hoje. Iniciando com Caim e Abel, evoluindo para Itschak e Ishmael, depois para Iaacov e Esav, e finalmente para os filhos de Iaacov, a Torá mostra como relações não balanceadas em que um filho é favorecido em relação aos outros não são saudáveis para a construção familiar.


Entretanto, é na parashá Mikêts que nascem Efraim e Menashe, os primeiros irmãos que não brigam, não lutam, não disputam. Irmãos que tiveram suas bênçãos trocadas por Iaacov, propositalmente, com a promessa de que ambos gerariam nações.


Como pais, estabelecemos relacionamentos diferentes com cada um de nossos filhos, porque são pessoas diferentes. Um mais carinhoso, outro mais engraçado, meninos e meninas, melhor ou pior aluno, mais parecido conosco ou diametralmente opostos à nossa maneira de ser. Filhos vêm para nos testar, nos obrigar a dar passos além daqueles que pensávamos possíveis, ou ainda para nos provar que, o que achávamos que daríamos conta, na verdade é mais difícil do que o imaginado.


Por conta das diversas dinâmicas relacionais que estabelecemos com nossos filhos, precisamos ter muito cuidado em garantir que eles sejam amigos entre si. Que saibam contar e proteger uns aos outros. “Acaso sou responsável por meu irmão?” pergunta Caim. A resposta óbvia é sim! Somos responsáveis uns pelos outros. Somos obrigados a amar o diferente, mas somos levados a proteger e cuidar dos nossos irmãos.


Irmãos são diferentes, ocupam lugares diferentes dentro da estrutura e dinâmica familiar, o que nos brinda com a possibilidade de juntar qualidades e capacidades diferentes para conquistas conjuntas. Depois de Efraim e Menashe, somos apresentados a Moshe, Aharon e Miriam. Miriam protege Moshe desde seus primeiros dias de vida. Juntos, os três irmãos propiciam a saída dos israelitas de Mitsraim. Juntos são capazes de trazer a liberdade. Juntos lideram o povo no deserto.


Miketz, portanto, é o ponto de mudança do padrão das relações entre irmãos, é o momento em que somos apresentados pelo texto bíblico à possibilidade de conviver, crescer, viver em paz e buscar a liberdade junto com nossos irmãos.


Pensar em irmãos me fez pensar em meus filhos, e na relação que eles estão construindo entre si. Pensei muito no meu irmão, com quem eu naveguei as intempéries do começo da vida, às vezes em paz, às vezes em parceria, às vezes em luta. Daniel que é como onda, vem e vai, em ritmo próprio, e por quem eu tenho um amor maior do que o mar, e difícil de explicar.


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