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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Mikets

Na parashá Mikets, que lemos esta semana, os sonhos de Yossef se tornam realidade e sua sorte muda no Egito. De prisioneiro do Faraó ele passa a ser responsável pela distribuição de produção agrícola de todo o Egito.


Nesta mudança de sorte, a ele é imputado mudar também de aparência e status social. Assim, ele é barbeado, recebe novas roupas, um novo nome e uma esposa egípcia: Asenath, filha de Potifera, sacerdode de On. Com o casamento, Yossef (agora Tsafnat-paneach) se torna um homem adulto plenamente integrado na sociedade egípcia.


O casamento de Yossef com uma mulher egípcia, claramente fora da linha familiar que vinha sendo seguida com nossos patriarcas, é o primeiro casamento exógamo e que gera como frutos Efraim e Mesashe; herdeiros diretos da linha Israelita que não só serão tribos, mas também serão invocados na benção feita sobre filhos e filhas no Shabat, como ressalta a Prof. Naomi Steinberg.


A importância de Asenath não está somente em quem ela é e o que faz, mas no que representa para os conceitos de “quem é judeu” que tanto discutimos, hoje e no passado. Os filhos de uma mulher não judia, não convertida, são membros distintos do povo de Israel.


Diante deste incômodo, os sábios do passado criaram midrashim que dizem que Asenath se converteu, ou ainda que, na realidade, ela é a filha de Dina, resultado de seu estupro por Shechem,que haveria sido adotada por uma egípcia, e portanto, a linhagem de Israel estaria garantida.


Prefiro, no entanto, a simplicidade da narrativa bíblica em que uma mulher egípcia cria dois filhos que continuam a decendência de Israel.


Neste sentido, fica completamente alinhada a decisão do judaísmo reformista que, desde 1983 reconhece como judeus filhos de pais ou mães judias, desde que tenham sido criados como judeus e assim se identifiquem. A identidade judaica é transmitida de pais e mães para filhos através de atos de identificação com o povo judeu, não sendo a linhagem genética sozinha que determina quem é ou não judeu. Homens e mulheres são igualmente capazes de identificar seus filhos como membros de seu povo, de sua cultura, de sua religião. Desde os tempos bíblicos, desde Asenath.


(imagem: Fat Cat Collective)

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