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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Haftará Shlach Lechá - Ioshua 2:1-24

Se a ligação da haftará com a parashá é o envio de espiões à terra que o povo de Israel está prestes a conquistar, o que separa os dois textos são 39 anos. Anos passados no deserto, criando comunidade, fé, e se livrando da insegurança de um dia ter sido escravo. O que diferencia este texto de muitos outros do Tanach é que neste, dois homens sem nome se relacionam com uma mulher que tem nome. Rachav é uma prostituta, dona da pousada, onde os dois espiões sem nome encontram abrigo para obter informações da cidade para Ioshua. Rachav é uma personagem que levanta a curiosidade do leitor: abriga os espiões, reconhece a supremacia do Deus de Israel, faz um acordo de proteção mútua com os espiões, e mente para os enviados do rei. Os rabinos contam que Rachav é uma das quatro mulheres mais lindas do Tanach, falam de como ela se tornou virtuosa, mas também falam de como ela era capaz de seduzir. Pense em Rachav, prostituta, que percebe uma situação em que ela pode fazer um acordo e salvar a vida de sua família. Bela, ela seduz os espiões, mas também lhes dá abrigo, astutamente envolvendo-os em mais de uma maneira. Alimenta seus egos, fala de sua força e de como vão conquistar aquela terra e aquela gente que os teme. Conquista a vida, diferente daquela sociedade que a deixava à margem, junto ao muro, na casa de prostituição. Rachav é o oposto da Geni, da música de Chico Buarque. Geni era o lixo, ingenuamente foi usada para salvar a cidade e é colocada novamente no lixo. Rachav é astuta e salva a si e sua família, sem pensar no povo que a colocou à margem da sociedade. Rachav mostra que beleza e astúcia são armas poderosas. Ela sabe se proteger e se movimentar naquela sociedade na qual é inserida ou, melhor ainda, da qual vive às margens, como toda prostituta. A rabina Pamela Wax acrescenta: “Rachav nos ensina sobre fé, bondade, lealdade e sobre não julgar uma pessoa por sua profissão. Ela também nos conscientiza da permeabilidade das fronteiras entre israelitas e não israelitas, uma permeabilidade com a qual vivemos diariamente na sociedade judaica contemporânea.” É preciso olhar para além das cascas que cobrem as pessoas ao nosso redor para enxergar sua inteligência e sua real beleza. É preciso confiar para expandir horizontes e conquistar novas terras. Shabat Shalom.





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