Primeira Haftará Bein Hametzarim
Esta semana a parashá é rica em histórias de lideranças, mudanças, e conta com a presença de mulheres que marcam a história, como as filhas de Tselofhad. A haftará relativa a Pinchas fala do final dos tempos do profeta Eliahu, que foge de Jezebel – a rainha que trouxe o culto a deuses estranhos a Judá, e de como Eliahu acaba por ungir Elisha seu sucessor. Estamos, no entanto, em Bein Hametzarim, o período que vai de 17 de Tamuz a 9 de Av, três semanas de aflição, em que lemos haftarot especiais, nesta semana o início do período de profecias de Jeremias, que entendia que o reino de Judá estava sob grande ameaça de duas potências, e atribuía este perigo às falhas espirituais dos habitantes de Judá.
Os três trechos têm algo em comum: o efeito da passagem do tempo e da mudança das pessoas em quem elas são e no lugar que elas ocupam. O papel dos líderes e a necessidade de renovação em algum momento, para que o caminho siga ou mude de rumo como necessário.
Na parashá, a contagem do povo traz o mar de normalidade em meio a eventos pontuais importantes, como o assassinato do casal (Zimri, homem israelita e Cozbi, mulher midianita) pelo sacerdote Pinchas; a história das filhas de Tzlofhad, que contestam a ordem de herança de terras em Israel; a menção de Serah bat Asher; e finalizando com a indicação de Iehoshua como sucessor de Moshé.
Em Reis, o profeta Eliahu foge de Jezebel após ter assassinado os profetas de Baal. Em seu caminho de fuga, Deus pergunta a Eliahu: “O que você faz aqui” por duas vezes, e as duas vezes Eliahu responde que foi fiel, mas que precisou fugir para não perder a vida. Então, Deus instrui Eliahu a ungir um sucessor.
Já Irmiahu é chamado, na haftará de Bein Hametsarim: “Antes de te formar no ventre, eu te conhecia; antes de você nascer, eu te escolhi”. Apesar de se dizer apenas um menino, Irmiahu é informado de que será atacado, mas será protegido por Deus, que o escolheu para a tarefa de profetizar.
Lideranças dependem de pessoas fortes, de pessoas que sabem se colocar diante da tarefa quando chamadas, que, apesar do receio, levantem-se, falem e ajam de acordo com seus instintos, talvez guiados por uma mão divina. Mas também, um bom líder entende a hora que deve transmitir seu posto a outra pessoa; que escuta quando deve recuar e deixar o espaço para que outra pessoa ocupe este lugar. Moshé passou a liderança a Iehoshua de maneira gradual, com tranquilidade. Eliahu precisou recuar, se assustar, para entender que já havia cansado do lugar que estava ocupando.
É preciso saber enxergar os grandes sinais, mas também é preciso escutar as vozes baixas e caladas que nos indicam quando é hora de agir e quando é hora de recuar. Este é o difícil caminho do bom líder.
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