O profeta Zecharia, ou Zacarias, pregou em torne de 538 AEC, em Israel, após o retorno da Babilônia. A escolha desta leitura para Sucót, acontece porque neste trecho, o profeta diz que todas as nações da terra serão, um dia, obrigadas a peregrinar para Jerusalém em Sucót, para que tenham chuvas nos momentos certos.
O texto desta semana traz imagens fortes, de um Deus dos Exércitos, que se estabelece sobre o Monte das Oliveiras e divide a terra em dois, espalhando destruição, para punir e/ou defender o povo e seus inimigos. Um texto bastante estranho, ainda mais pensando que ele prega para o povo que voltou do exílio.
“E acontecerá naquele dia, águas doces sairão de Jerusalém, metade delas para o mar do leste e metade delas para o mar do oeste, no verão e no inverno será.” Como explica Robert Alter, Jerusalém, assim, passa a ser uma constante fonte geradora para todos.
Água é o elemento básico da existência de vida na terra. Na água somos gerados e com água garantimos sustento. Não importa quem somos, o que fazemos, onde vivemos, nós dependemos dela para viver. A água é, provavelmente o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores culturais e religiosos arraigados na sociedade. Ao garantir uma fonte contínua de água que florescerá sob Jerusalém, de uma maneira poética, Deus espalha a benção da vida renovada para toda Israel.
“Deus, em Zacarias, ordenou que a fonte oculta sob sua amada Jerusalém fluísse, suavemente, e regasse a terra, que então se tornaria um paraíso para seu povo. Através desta água doce, eles renascem. A imagem imponente da Divindade gigante na montanha e do Rei no trono representam o poder sobre a natureza, mas não, crucialmente, o que esse poder existe para realizar: nascimento e renascimento. Deus, embora vestido de Guerreiro, também é parteira” explica a rabina Chana Thompson Shor.
Logo após Iom Kipur, quando ensaiamos a morte, nos entregamos completamente a uma viagem interna, à teshuvá e à tefilá, somos brindados com a lembrança do renascimento, da água, da terra, que produz vida.
A partir de Sucot rezamos: Mashiv ha-ruach u'morid ha-geshem – Que faz o vento ventar e a chuva cair. Escolhemos a vida, pedimos por água em quantidade adequada para produzir e compartilhar. Usemos esta benção com consciência e respeito.
Shabat Shalom, Chag Sameach!
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