Iehoshua (Josué) sucede Moshé, e é incumbido de conquistar a terra. Conquistar uma terra que ele mesmo havia visitado, 40 anos antes, no texto da parashá. No entanto, se na parashá 12 representantes, um de cada tribo, foram analisar a terra, Iehoshua envia somente dois homens. Enquanto Moshé enviou estes representantes para olhar a terra e seus habitantes, os enviados de Iehoshua foram para colher dados para planejar o ataque.
Outra diferença, talvez crucial para a missão dos dois espiões, foi encontrar Rahab, uma mulher canaanita, prostituta conforme conta o texto, que ajuda os espiões com informação, os protege do rei e os ajuda a sair escondidos da cidade.
Rahab é o extremo oposto dos espiões. Apesar de ela não ser parte do povo israelita, ela tem fé, ela reconhece os grandes feitos do Deus Único, e entende que seu povo será aniquilado pelos israelitas, que já secaram o mar, receberam os mandamentos e fizeram tantas outras maravilhas, com a ajuda deste tão poderoso Deus.
“Rahab nos ensina sobre fé, bondade, lealdade e sobre não julgar uma pessoa por sua profissão. Ela também nos torna cientes da permeabilidade das fronteiras entre israelitas e não israelitas, uma permeabilidade com a qual vivemos diariamente na sociedade judaica contemporânea.” Sugere a rabina PamelaWax.
Esta haftará nos leva a pensar na importância de repensar ações que não se desenvolveram da maneira esperada, e buscar uma maneira diferente para atingir o objetivo traçado. Que às vezes é preciso dar um passo para trás, caminhar um pouco mais no deserto, se liberar do peso que te segurava, e então voltar a enfrentar o desafio.
Aprendemos com Rahab a importância das ações de um indivíduo para um grupo todo. Aprendemos que mesmo quando parecemos um, pequeno e insignificante gafanhoto, podemos ter a força de uma nação, mas é preciso ação e coragem.
Haftará e parashá nos ensinam juntas a importância do todo, unido, para nos dar força – para o bem ou para o mal -, mas também da importância de cada indivíduo para que seja gerada esta força que alimenta o grupo e o torna poderoso. E como bem enfatizou o rabino Sergio, que são igualmente importantes ação e omissão.
Que a força, atitude e generosidade de Rahab nos sejam fonte de inspiração para atos corajosos em nome do bem maior, do coletivo que nos abriga.
Shabat Shalom!
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