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Haftará Ki Titsê - Isaias 54:1-10

Chegamos à quinta haftará de consolo pós Tishá beAv, faltam somente duas para Rosh haShaná! A haftará desta semana nos traz um texto poético, que pode ser lido como uma carta de amor, de perdão e retorno de um homem para uma mulher, figurativamente, Deus e Israel. Uma carta ardente, que fala sobre levá-la para a cama, que fala de amor e compaixão, mas também aponta para a traição e para a vergonha de quem foi desonrada. O olhar feminista para esta haftará traz o incômodo já expressado anteriormente: o homem poderoso da relação puniu com o abandono sua esposa jovem, ainda sem filhos, desprotegida e entregue à humilhação, fome e sofrimento. Agora, entendendo que ela já foi punida o suficiente, perdoa e jura seu amor eterno, proteção paz e compaixão. A haftará espelha a parashá no quesito do feminino, trazendo uma série de regras relativas à mulher que é tomada cativa durante a guerra, a mulher cuja virgindade é duvidosa, a mulher que é violentada e deve casar-se com seu opressor. Esta leitura dupla pode ser bastante difícil para as mulheres. Mas hoje eu gostaria de focar no fato que, de alguma forma que para nós hoje é quase incompreensível, todas as regras da parashá têm a função de proteger a mulher, elo fraco de uma sociedade patriarcal e agricultural. E que “a esperança oferecida por esta profecia é a possibilidade de teshuvá, arrependimento e perdão.” “O perdão e a libertação constituem o tema final deste haftarah. O amor de Deus perdura além de toda existência física” explica a rabina Vivian Mayer. Nem tudo é opressão, nem tudo é ódio, nem toda briga é agressão. Desentendimentos acontecem, e o retorno à paz deve ser possível. Sim, todos nós, homens e mulheres erramos, erros pequenos e grandes. Reconhecer e arrepender-se de cometer estes erros são os passos de Elul, pedir perdão e buscar a paz são os caminhos para termos uma vida melhor. Em relações equilibradas, em que as duas partes têm a mesma vontade, o mesmo amor e a mesma possibilidade de oferecer abrigo ao outro, reconhecer o erro e voltar apaixonadamente ao ninho não é ruim. O equilíbrio e a igualdade são a medida para que esta volta seja realmente um momento de amor e redenção. Aprendemos com Maimônides que não devemos rezar por medo ou por recompensa, mas por amor. A relação de cada um com o Divino deve ser pautada em puro amor, não em intenção própria. Uma relação difícil com a fé, porque Deus é invisível. Mas se o foco da prece for o amor puro, então vamos encontrar dentro de nós mesmos paz e preenchimento através da prece. Que neste shabat possamos rezar com amor, e que este amor nos ilumine para aceitar e oferecer perdão, para retornarmos a relações saudáveis, igualitárias, que alimentem nossa alma e tornem nossos dias felizes. Shabat Shalom





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