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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Elul 8

Vivendo no Brasil, e diante das discussões e absurdos ocorridos nos

últimos dias por conta de uma ilustração do beijo entre dois homens, é

impossível deixar de refletir sobre o amor. O amor foi censurado no Rio de

Janeiro, e gerou repercussões em todo o Brasil.


Uma cidade onde as pessoas acham bacana posar para fotos apontando

os dedos como se arma fossem, em que mulheres são objetificadas e

vendidas para consumo sexual em funks e seus clipes, o desenho de um

beijo causa revolta e ação do poder público.


Me questiono quando demos a permissão para que a violência fosse o

normal e corriqueiro, quando o amor passou a ser perigoso.

O texto bíblico é claro ao repetir diversas vezes que devemos amar o

estrangeiro, devemos amar o outro. Veahavta leReacha Camocha – ame

ao outro como a si mesmo. Amar e respeitar, amar e deixar amar. O amor

do outro não te fere, não te interfere.


Ao saber da morte de Ionatan, pranteia o rei David: “O teu amor por mim

me era mais maravilhoso do que o amor das mulheres”. O amor fluido,

que independe do gênero, está no texto bíblico. O amor carnal, físico,

humano, é maravilhosamente retratado no Cântico dos Cânticos: “Que ele

me beije com os beijos da sua boca, porque os seus amores são melhores

do que o vinho”.


Muitas águas rolaram, muito tempo passou, e o poeta Lulu Santos cantou:


“...E a gente vive junto

E a gente se dá bem

Não desejamos mal a quase ninguém

E a gente vai à luta

E conhece a dor

Consideramos justa toda forma de amor...”


Me incomoda profundamente a sensação de que estamos em um tempo

de ódio. Me desespera o futuro de uma humanidade que absorve com

normalidade a violência, que encontra respostas racionais para atos de

opressão e supressão de liberdades individuais, que vende a mulher como

objeto de consumo e que, ao mesmo tempo, entende que um beijo entre

dois homens deve ser reprimido.


O questionamento do dia é: De qual amor você sente falta? Por que o

amor do outro te incomoda?


Que possamos amar e ser amados livremente, como mandam nossos

corações. Precisamos abrir nossas mentes e corações para entender que o

normal é amar; que o beijo não fere; que o relacionamento amoroso

constrói.


Que nossa arma seja o beijo. Beijemos muito e em público!

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