Entre as minhas práticas para o mês de Elul, está a leitura de publicações
de rabinos, amigos e instituições. Todos os dias me inspiro nos
questionamentos do rabino Jordan Braunig, nas experiências do Judaism
Unbound e nas midot do Mussar Institute. Com todos estes estímulos,
atravesso meu dia olhando para mim mesma, e procurando o
questionamento que surge.
Hanna Arendt diz que duas impotências marcam a ação humana: não
poder desfazer o feito, e não poder antecipar as consequências de uma
ação. Hoje foi um dia que em diversos momentos me vi diante de
situações em que estas impotências se mostraram como frustrações
minhas ou de outras pessoas ao meu redor.
No medo de encarar uma bronca, minha filha contou uma história bem
fantasiosa. Acabou gerando uma confusão bastante grande, cujas
proporções ela nem imaginava. Sem a possibilidade de desfazer o feito,
ela seguiu com a história até um momento em que se tornou
insustentável, e agora sofre as consequências deste ato – está sem
celular...
Na vida adulta, as consequências de nossos atos normalmente são bem
mais significativas. A vontade de ser correta e dizer a verdade pode gerar
um tsunami de emoções. Demitir ou não um funcionário afeta
diretamente a vida daquela pessoa, mas também afeta diretamente a
organização à qual este funcionário pertence. Não importa se a razão
motora do ato seja boa ou ruim, o fato de não termos noção das
consequências dele torna a insegurança gigantesca. Mas a falta de ação
não deixa de gerar consequências. Estas consequências também não
podem ser antecipadas e não são consertadas com a ação fora de tempo.
Qual é a resposta? Não temos, e esta é a nossa impotência. Mas de
qualquer forma, acredito que na verdade e na bondade estejam as
melhores respostas para a ação ou falta dela. No olhar ao outro para
perceber a consequência de nossos atos ou inércias reside a possibilidade
de tshuvá: reconhecimento do erro, desculpa e reparação, quando
possível.
Sigo em busca de acertos, buscando o reconhecimento e reparação de
meus erros. Como diz o Pirkei Avot: Quem é sábio? Aquele que aprende
com todas as pessoas. Busquemos o olhar ao redor, aprendendo conosco,
com nossos filhos, amigos, amados e com as situações que se colocam ao
nosso redor.
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