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Elul 26

Fui a primeira vez à mikve logo antes do meu casamento. Não tive muita

ajuda nem guia, mas fui. Desde então fui algumas vezes e, já há alguns

anos passei a ir antes de Rosh Hashaná e Iom Kipur. Não vou porque a

halachá manda, mas vou porque não há nada que me dê maior sensação

de recomeço do que mergulhar nas águas mornas da mikve.


Na minha lista de projetos para o meu caminho judaico está a renovação

da relação da mulher judia liberal com a mikve. Um lugar que

tradicionalmente pode ser visto como o local de purificação ritual e, de

certa forma, uma submissão ao mundo do patriarcado, pode ser

resingnificado como o local em que eu me encontro comigo mesma e me

dou a possibilidade de recomeçar.


Somos geradas na água, nascemos dela, dela nos alimentamos e ela é

nosso maior componente. Somos ligadas ao mergulho no mar como fonte

de energia; pulamos ondas para celebrar o ano novo civil; nada dá maior

sensação de renovação do que um bom banho de cachoeira. Na mikve

voltamos ao útero e começamos tudo novamente.


Há dois anos comecei a ir à mikve antes de Rosh Hashaná com uma grande

amiga. Ela passava por um momento difícil, e achei que ela poderia

usufruir da sensação de um recomeço. Desde então, passou a ser nosso

ritual de ano novo: nos conectamos uma com a outra e cada uma consigo

mesma.


Hoje foi o dia. Mergulhei nas águas da mikve e dei início ao meu Rosh

Hashaná. Eu estava preparada, afinal, venho preparando minha neshamá

há 26 dias. Pensei no meu ano, pensei em mim mesma. Pensei nas

certezas e incertezas, foquei em meus desejos, rezei e mergulhei.

Agora, com meu olhar da alma, consigo me ver mergulhada na água,

recomeçando, reconectando e reenergizando.


Estou renovada para mais um ano de inúmeras possibilidades.

Hineni.

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