Eu gosto de rezar. Parece óbvio, né? Afinal, estou estudando rabinato.
Mas, em realidade, há muito estudante de rabinato que não gosta de
rezar. Os caminhos do rabinato são vários: educação, púlpito, hospitais,
administrativo ou político. Aqui no Brasil, é verdade, os rabinos acabam
fazendo de tudo um pouco, são todos generalistas – para o bem e para o
mal.
Desde que comecei a estudar me perguntam o que eu quero fazer quando
me formar. A resposta sincera é que não sei. Estou gostando muito do
caminho, e estou entendendo que o caminho é tão importante quanto o
destino, às vezes ainda mais importante.
Isto me faz pensar em quantas vezes temos um objetivo enorme ao qual
temos que dedicar um monte de tempo, energia, dinheiro e emoção para
conseguir completar. Quando finalmente chegamos lá, percebemos que
não curtimos a jornada, ou que o dia chegou muito mais rápido do que
esperávamos.
É assim com festas grandes; viagens importantes; gravidez. Pense nos
grandes acontecimentos da sua vida, e veja quais jornadas foram
realmente aproveitadas. Sabe aquele vazio que dá quando a festa acaba e
você percebe que não comeu aquele prato que tinha escolhido, não tirou
aquela foto, ou nem sabe o que vai planejar amanhã? As discussões, as
decisões, as alegrias e percalços do caminho, desde que aproveitados em
sua completude, tornaram aquele acontecimento ainda mais saboroso.
Não importa qual é o caminho, ele é importante. Mas um caminho não
exclui outro. A beleza da vida é essa possibilidade de ter muitos objetivos,
muitas variáveis e muitas possibilidades. Encruzilhadas, paralelas, pontes e
viadutos.
Olho para trás e refaço meus caminhos deste último ano, minhas decisões
e reações. Quais foram os caminhos errados? Quais foram as boas
escolhas, que me fizeram feliz? Como escolher e priorizar entre tudo o
que a vida nos apresenta? Como saber onde a energia deve ser aplicada?
Então reconheço a benção que é ter opções, rezo para agradecer todas as
possibilidades, e peço para ter clareza e sabedoria na hora da decisão.
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