Escreveu João Cabral de Melo Neto:
Os rios que eu encontro
vão seguindo comigo.
Rios são de água pouca,
em que a água sempre está por um fio.
Cortados no verão
que faz secar todos os rios.
Rios todos com nome
e que abraço como a amigos.
Uns com nome de gente,
outros com nome de bicho,
uns com nome de santo,
muitos só com apelido.
Mas todos como a gente
que por aqui tenho visto:
a gente cuja vida
se interrompe quando os rios.
Ontem, dia de shabat, passei o dia pensando no paralelo do curso da água
e a vida. Como a água segue o caminho, com sua força e determinação, e
quando encontra um obstáculo muda o percurso e segue em frente. Que
lição maravilhosa a água nos traz.
Entender que não importa quão grande e inesperado é o obstáculo que
encontramos no caminho, há sempre a possibilidade de redirecionar os
esforços e buscar outro caminho para chegar ao oceano. O importante é
não se deixar secar.
Começo a semana como a água: buscando caminhos ao oceano, me
permitindo fazer planos, sem medo das pedras que podem surgir. O
importante é ter a clareza do meu objetivo, do oceano que quero atingir,
e para lá navegar, sabendo que não vou sozinha: levo folhas, flores,
peixes, pedregulhos e muita carga boa que vou adquirindo nessa jornada.
Este me parece um bom plano para inspirar o novo ano que está por
chegar: traçar objetivos, olhar para frente sem medo da água secar.
Shavua Tov!
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