Esta semana, coincidentemente, ouvi algumas histórias sobre aquelas
situações em que o limite entre assédio e elogio fica tênue. A primeira
ocorreu na sinagoga: um homem diz a uma mulher que ela está tão bonita
que ele quase perdeu o respeito (a intenção era um elogio mas, na
verdade, ele causou desconforto); a segunda ocorreu por whatsup: um
agente público envia para uma profissional da sinagoga uma mensagem
dizendo que ele sente muito que o evento dela não vai ocorrer, que ele
sentirá saudades e que ela mora no coração dele (absolutamente
impróprio).
Acontece que estas situações, impróprias e desconfortantes, geram tanta
surpresa que é difícil ter a reação correta imediatamente. Muitas vezes, na
verdade, demoramos a entender que foi isto mesmo que ouvimos. Não
importa quão preparada você se sinta, na hora “H” é difícil absorver, se
dar conta e reagir de acordo.
Por outro lado, muitas vezes me vejo do outro lado do discurso, e devo
confessar que sinto receio de falar algo errado, ferir sentimentos sem a
intenção. Uma palavra mal colocada e eu posso abrir uma ferida de um
amigo ou uma amiga.
O que fazer? Entender as diferenças, ouvir e se desculpar
verdadeiramente quando percebemos o erro; apontar para o outro, com
delicadeza, que aquele comentário ou comportamento não é adequado. É
importante partir do pressuposto que o outro não quis te machucar; é
importante reconhecer quando você machucou sem a intenção.
Principalmente, é importante saber ouvir, saber falar, aplicar a empatia e
aprender.
Em meu Cheshbon haNefesh de hoje, faço a minha tshuvá, volto em meus
passos para buscar meus erros e me desculpar e corrigi-los, quando
possível. Mas como reconhecer o erro não intencional, que eu nem sei
que cometi? Fica a decisão de buscar uma pequena mudança de hábito
minha também: aprender a apontar com carinho os erros dos outros,
como bem indica a nossa tradição.
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