Hoje em dia adoro aula de filosofia. Meu professor é meio maluco,
totalmente fora da curva, mas de verdade instiga o pensamento, o
conhecimento, a busca por textos, livros e pensadores.
Hoje passamos uma hora falando sobre Hanna Arendt (adoro!)
especificamente sobre duas características principais da ação humana: a
falta de previsibilidade da consequência da ação, e a impossibilidade de
alterar a ação, uma vez feita. É realmente angustiante pensar que tudo o
que você faz tem uma consequência sobre a qual você não tem poder
algum, não tem certeza da consequência; e por outro lado, uma vez que
fizemos algo, lá está... não tem volta.
Mas hoje é outra ação que me chama atenção: a que está além das nossas
possibilidades. Sabe quando tem algo que precisa ser feito, e você fica
esperando que alguém faça, porque você não pode fazer? Em compasso
de espera, em banho-maria, você continua esperando, sem ter
possibilidade de planejar o futuro.
Neste caso somos vítimas da falta de ação de outra pessoa, que não tem
noção das consequências da falta de ação dela. E de repente nos damos
conta de que a inatividade é uma ação que gera consequências.
Muita filosofia, né? Mas pense: quando você ficou esperando o outro
fazer algo que para você era urgente, mas para o outro não? E quando
você esteve no lado oposto?
Por enquanto, fico com Pedro Pedreiro, de Chico Buarque:
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã, parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem
De quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando
Assim pensando o tempo passa
E a gente vai ficanto pra trás
(...)
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
Que já vem
Que já vem
Que já vem...
Comments