Hoje é 11 de setembro, um dia que está na memória de todos. Não dá
para deixar de pensar, em ao menos um momento do dia, sobre todas as
vidas que foram ceifadas naquele dia, todo o terror que se espalhou pelo
mundo.
Minha memória vívida é de atender o telefone, enquanto amamentava o
João, e meu pai dizer rapidamente do outro lado da linha: “Os árabes
estão atacando os Estados Unidos! Que mundo é este em que você
colocou seu filho?” Eu olhei para aquele bebê lindo em meu peito e pensei
pesarosa “Desculpe, meu filho!”.
O mundo mudou muito desde aquele tempo, gradativamente ficamos
mais sensíveis ao outro, para o bem e para o mal. As discussões e
posicionamentos se polarizaram muito, o medo está presente em algum
lugar do fundo do cérebro.
Todo ano, em 11 de setembro, não consigo deixar de pensar em como a
vida pode ir em um segundo, sem avisar antes. Como a gente sai de casa
todos os dias, vive a vida corriqueiramente, discute, ama, deixa para
depois. Não faz parte do nosso pensamento a dúvida se haverá o depois.
Mas podemos viver como se não houvesse amanhã? O que isto significa?
Viajar para todos os lugares, aproveitar todas as chances, amar mais,
brigar menos, não planejar. O que é importante devemos fazer hoje:
amamos hoje, vivemos hoje com nossos filhos pequenos, aproveitamos
agora as oportunidades especiais.
Mas se vivermos como se não houvesse amanhã, não plantamos hoje as
sementes para que possamos colher frutos, não planejamos, e não
crescemos. Precisamos planejar o futuro para o bem e para o mal, poupar
e educar os filhos, estudar e investir em um futuro para o qual queremos
ir.
É preciso haver um equilíbrio entre o hoje e o amanhã, entre o viver agora
e o planejar o futuro.
Me questiono acerca do que planejei tanto que acabei não fazendo;
acerca do que fiz achando que não haveria amanhã, mas poderia ter
planejado melhor. Principalmente, penso na vida que dei, dou e darei aos
meus filhos neste mundo maluco em que vivemos hoje.
Viver hoje, mas planejar amanhã
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