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Elul 1

Ontem à noite começamos o mês de Elul, como explicam meus amigos

portenhos “El Ul-timo mês del año”. Piadas infames à parte, este é o mês

em que nos preparamos para as festas do mês de Tishrei: Rosh Hashaná,

Iom Kipur, Sucot, Shemini Atzeret e Simchá Torá. Não deve ser estranho

pensar que para esta jornada litúrgica que temos à frente, precisamos de

um preparo espiritual. Como maratonistas fazem seus treinos mais longos,

mudam sua alimentação e fazem toda uma preparação especial de seus

corpos no mês que antecede uma maratona, nós, judeus, preparamos

nossa alma para a maratona de Chaguim que virá logo mais.

Este ano, como no anterior, farei o meu “cheshbon hanefesh” por aqui,

para trazer os amigos junto comigo nesta jornada, e quem sabe inspirar

vocês a fazerem as suas reflexões.


Nossa tradição ensina que o nome do mês Elul (אלול) seria um acrônimo

do verso de Cântico dos Cânticos: Ani l'dodi v'dodi li (Eu sou do meu

amado e o meu amado é meu). A tradição também entende o Cântico dos

Cânticos como uma alegoria na qual os amantes são Deus e Israel. Elul

seria, portanto, entendido como um momento de recomeçar nosso

relacionamento com Deus. Pessoalmente não gosto desta alegoria. Acho o

amor entre humanos, em suas diversas formas, suficientemente divino e

de extrema importância. Estamos precisando de amor humano no mundo

hoje. Também sinto a falta de amor próprio em nossos tempos. Nos

abrimos, nos expomos, esperamos a aceitação do outro e não temos

ferramentas emocionais para lidar com a adversidade. Contamos somente

fatos positivos: a vida na mídia social é linda, não há espaço para

sofrimento, dor, ou pequenos desafios do dia-a-dia.


Proponho então que neste Elul, tenhamos nós mesmos como amados. Eu,

como minha própria amada, que me pertenço, olho para dentro de mim e

me vejo exposta, aberta, com dores e alegrias, erros e acertos, e trabalho

minha própria alma para sair deste mês pronta para a maratona de

Tishrei. De certa forma, estaríamos focando na nossa “hitlamdut”, que é

uma forma reflexiva do verbo lamad (aprender), que significa ensinar a

mim mesmo ou aprender a mim mesmo. A melhor tradução pode ser

"auto-instrução" ou "ensino a si mesmo" e a clara implicação é "de sua

própria experiência".


Olhe para dentro de si e pergunte-se: Estou pronta? E se ainda não

estiver, prepare-se: abra a alma e o coração com sinceridade. Permita-se

ser conhecida e amada por você mesma.

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