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Chukat - Bamidbar 19:1-22:1

Esta semana lemos a parashat Chukat, separadamente, como na maioria dos anos. Esta é uma parashá que pode ser unida a Balak (que lemos na próxima semana) quando o segundo dia de Shavuot cai em um shabat, e assim a leitura da Torá volta a ficar sincronizada com Israel após o chag (festividade).


Nesta parashá lemos sobre as leis da novilha vermelha para purificar uma pessoa que teve contato com um cadáver. Os Bnei Israel chegam ao deserto de Zin, onde Miriam morre e é enterrada. O povo reclama que não tem água. Moshé, diferente do que é ordenado por Deus, bate na rocha para conseguir água para eles. Deus diz a Moshé e Aharon que eles não entrarão na Terra de Israel. O rei de Edom se recusa a deixar os Bnei Israel passarem por sua terra. As vestes sacerdotais de Aharon são dadas a seu filho Eleazar, e Aharon morre. Após serem punidos por reclamarem da falta de pão e água, os israelitas se arrependem e são vitoriosos na batalha contra os amoraim e o povo de Bashan, cujas terras conquistaram.


Entre os muitos assuntos complexos e inexplicáveis da parashat Chukat, o poder do silêncio e da palavra chamam atenção. Talvez, pelo silêncio e ausência de luto por Miriam, que morre nesta parashá, a água seca, o povo se revolta, Moshé e Aharon se magoam com o povo e, em suas palavras, a dor que sentem é transmitida para o povo: “Ouçam, seus rebeldes, poderemos conseguir água para vocês desta rocha?”[i].


“É em sua raiva, diante de toda a congregação de Israel, que Moshe francamente perde o controle e bate na rocha. Nesse momento, o papel de Moshe como líder está perdido.” Explica a rabina Marianne Novak.[ii] Por causa de sua raiva, Moshé voltou aos seus antigos métodos invocando um Deus de força e poder em vez de santificar um Deus de amor e compreensão, sem congregar este povo, formado pela nova geração que iria entrar na Terra prometida.


A rabina Aviva Richman sugere que o que o povo quer “é o verdadeiro “pão” (לחם), que vem do trigo que eles mesmos colherão da terra. Esta é a geração que vagou no deserto a vida inteira. A comida pode ser boa, mas eles estão cansados de serem alimentados. Eles estão lutando com ânsia para entrar na terra e cultivar sua própria comida.”. Um povo renovado, em busca de ação, que conquista através da guerra com Arad.


O rei de Arad ataca Israel e prende alguns israelitas. O resto dos israelitas juram que se Deus lhes der vitória sobre Arad, eles cometerão aqui, destruição total e consagração a Deus, de todo o povo de Arad. Deus lhes concede a vitória e os israelitas matam tudo e todos tão completamente que o lugar é renomeado Hormah, destruição.


“Nossa parasha nos presenteia com uma história de um juramento de felicidade para sempre” coloca a acadêmica Bex Rosemblat “O voto é cumprido, a vitória é concedida e tudo parece certo, assim como em nossa haftarah.”


Este elo com a haftará, que conta a história de Iftach, filho de uma prostituta, que foi expulso do acampamento para que não dividisse a herança de seus irmãos de criação, que se reconstrói junto com outras pessoas que foram excluídas da sociedade, e que é chamado de volta para liderar a batalha contra Amon. Ele aceita o desafio e faz um voto a Deus: “Se Você entregar o povo de Amon para mim, oferecerei ao Eterno como uma oferta queimada o que vier da minha casa para me encontrar quando eu voltar seguro dos amoritas para casa”.[iii] O texto da haftará acaba em uma nota feliz: a vitória. O texto do Tanach continua...


A história continua como uma releitura terrivelmente distorcida da Akeda - aqui um pai sacrifica sua filha como uma oferta queimada a Deus. A primeira coisa que vem da casa para encontrá-lo acaba por ser sua filha. E assim o pai a mata, ele cumpre seu voto. Nenhum anjo intervém. Nenhum carneiro é encontrado nos arbustos. Escondida por trás da história da haftará está a morte de uma menina inocente. Ao colocar a haftará em conjunto com nossa parasha, observamos a tragédia oculta do uso indevido da palavra.


A palavra dita, a palavra gritada; a palavra não dita, a palavra suprimida e calada todas elas têm força e geram consequências. Chukat é sobre as palavras que ferem e matam.


Que possamos aprender a construir e criar através da palavra, como Deus faz em Bereshit. Que tenhamos sempre consciência do poder construtivo e destrutivo de nossas palavras.


Shabat Shalom.


[i] Bamidbar 20:10 [ii] https://www.sefaria.org/sheets/335368?lang=bi [iii] Juizes 11:30-31

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