A parashá desta semana tem duas partes diferentes. Na primeira, há a busca pela obediência das leis divinas, com a promessa de que, caso todas as mitsvót sejam cumpridas, somente coisas boas acontecerão; caso contrário, uma série de infortúnios terríveis são elencados como castigos pela não observância das mitsvót. Já na segunda parte, fala-se de contribuição com fundos para o santuário, através de pagamento monetário por promessas feitas.
Para mim esta parashá é bem difícil, ainda mais porque nesta semana minha filha faz Bat Mitsvá. O que ensino para ela sobre esse texto? Que coisas boas acontecem para quem faz o correto e que se algo ruim acontecer é porque ela não foi boa? Não consigo acreditar nesta teologia. Coisas ruins acontecem a boas pessoas, e coisas boas acontecem a pessoas ruins. Fazer o bem independe da recompensa divina, a mitsvá deve ter o objetivo de melhorar o mundo e construir um futuro melhor.
Talvez eu possa falar a ela sobre a compensação monetária ao santuário, que leva a crer que as mulheres valem, em média, 40% do valor do homem. Inspirador, não? Na realidade há explicações bastante fundamentadas e racionais, baseadas na capacidade de produção que era diferente entre homens e mulheres: enquanto eles estavam fora de casa, gerando renda ou guerreando, as mulheres ficavam em casa, geravam a família e produziam sim, porém menos.
Mas eu sei o que devo contar à Nina. Na realidade, o que devo ensinar a minha filha, baseada nesta parashá, é que não há como estimar o valor de cada ser humano. Que ela é inestimável, e que provará seu valor único através de suas ações. Preciso ensinar a minha filha que ela é uma face do divino, que tem sua beleza singular, e que ela é parceira de Deus para a construção de um mundo melhor. Preciso dizer a ela que ser mulher é difícil pois precisamos, ainda hoje, provar nosso valor com muito mais dificuldade do que os homens, mas que não há nada que substitua a possibilidade única que nós mulheres temos de gerar uma vida.
Filha, ser mulher não tem preço!
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