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Bamidbar - Bamidbar 1:1-4:20

Bamidbar é a primeira parashá do livro de números, chamado em hebraico, Bamidbar, que fala da jornada dos bnei israel no deserto. Em preparação para a caminhada, Moshé e Aharon são comandados a contar o povo por suas tribos, homens em idade de combate são contados neste censo, excluindo-se os levitas; então são contados os homens levitas a partir de 1 mês de idade; a rendição dos primogênitos, chamada pidyon haBen é ordenada; e então a ordem do acampamento e da movimentação do povo é instruída por Deus.


A primeira coisa que chama atenção nesta parashá, uma vez passada a primeira sensação de que estamos lendo um relatório do IBGE, é a ausência das mulheres. Podemos entender que na sociedade da época elas não entravam em combate nas batalhas e que elas não exerciam o sacerdócio. Mas como questiona muito bem a acadêmica americana Beatrice Lawrence, “qual é o lugar designado no acampamento israelita para mulheres, crianças ou enfermos?” não sabemos a resposta, pois tudo o que é mencionado nesta parashá se refere a homens.


Estes homens são filhos de mulheres, as tribos são descendentes de 2 matriarcas e suas servas, ou, porque não dizer, quatro matriarcas: Lea, Bilá, Zilpá e Raquel. E é em função de suas mães que as tribos são distribuídas no acampamento. No Leste, mais perto da entrada do santuário, no lugar de maior importância estão os filhos de Lea – Judá, Issachar e Zebulun; Ruben, Simeon e Gad, também filhos de Lea, estão ao sul; a norte os filhos de Bilá e Zilpá; e no lugar mais afastado da entrada do santuário, e de menor importância, estão os filhos de Rachel, a esposa preferida de Iacov. Então, apesar de haver uma vasta literatura sobre a importância da origem paterna para a transmissão tribal, não há que se ignorar a influência materna na constituição das tribos.


Enquanto muitos focam na importância do contar, e do número global versus o valor individual de cada pessoa, e o que cada um é capaz de doar ao todo, me chama atenção o fato de as tribos serem contadas por seus líderes. Certamente cada um com seu nome traz algo especial e único para o todo. No entanto, sozinhos eles não contam, contamos como parte de um todo, de uma tribo, de um agrupamento. Sob lideranças específicas de cada pequeno grupo, de cada tribo, os filhos de Israel se uniam sob o comando de Moisés e seus irmãos Miriam e Aharon, para a travessia. O texto então demonstra a importância do líder para o contar de sua tribo, para o seu papel no todo. O líder faz o seu grupo ser um número no povo, ele não conta por si, mas faz seu grupo ser relevante. Esta é a importância de um bom líder: não ser somente o seu nome, mas gerar a relevância de seu grupo no todo.


Mais ainda, como ensina a rabina Lisa Grushkow “Deus está no centro. Isso pode ser desafiador para nós, mas está em todo o texto. Abarbanel (o pensador português do século 14) nos lembra que toda a organização do acampamento era em torno do Tabernáculo: “O Tabernáculo deveria ser como o coração dentro do corpo, e as tribos seriam seus membros.” Além disso, esse centro é precioso e precisa de nossa proteção e respeito: “Não há comparação entre um palácio com guarda e um palácio sem guarda” (Sifrei Zuta, B’midbar 18: 4). O Judaísmo é frequentemente definido como uma religião sem credos: ser judeu não requer uma declaração de fé em Deus. Mas se a religião organizada não for centralizada em torno de Deus, podemos simplesmente estar perdendo o ponto.”


Talvez, a grande lição de Bamidbar seja que, individualmente temos muito a trazer para o mundo, mas este valor só é real em grupo, contamos através do nosso papel em nosso grupo, em nossas comunidades. A razão central que faz de todos nós um grupo, uma comunidade – kehilá, é Deus. “Fazer parte da comunidade pode nem sempre ser vantajoso para você. Você aparece, mesmo quando não está com vontade - e, em troca, você faz parte de uma história maior do que a sua. Na verdade, não se trata apenas da jornada. Há um destino e você pode não alcançá-lo - mas seu povo o fará.”[i]


Após uma semana de apreensão com os acontecimentos em Israel, temos à flor da pele o sentimento de sermos, cada um de nós, importantes para o todo, e de que fazemos parte desta pequena comunidade, que por sua vez faz parte do grande povo de Israel. Somos Klal Israel e cuidamos uns dos outros.


Hoje, nossa função individual é lembrar de nossos amigos em Israel, mandando nossas energias individualmente para cada um deles. Nossa função grupal é declarar nosso apoio a Israel.


Am Israel Chai. Que a paz chegue logo para Israel e todos os habitantes da terra. Amén.


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