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Bamidbar

A parashá desta semana fala do momento em que, já em posse de suas leis, escravos transformados em povo, se organizam para começar sua jornada a Canaã. Com este objetivo, o povo deve ser contado e organizado para a jornada. O transporte e cuidado do Tabernáculo devem ser explicados e funções devem ser distribuídas. Para tanto, Bamidbar começa com o censo do povo. Quem conta e por quê? O que faz alguém ser importante o suficiente para ser contado? Qual é a função do censo? Por que e quem fica fora da contagem? Todas estas perguntas foram feitas ao longo dos anos, e muitas explicações foram dadas. Foram contados os homens em idade de se tornarem soldados, divididos em batalhões, sob bandeiras que representavam suas tribos. Para estes homens, funções foram divididas, atribuições e reconhecimentos distribuídos. Ao distribuir as funções somente aos homens do povo, em idade militar; ao separar somente os homens levitas para o serviço no templo; ao excluir da narrativa as mulheres e crianças, encontramos o fundamento teológico para o patriarcado. Mulheres não contam, não importam. Mulheres importam tão pouco nesta narrativa, que seus úteros são mencionados dissociados de sua existência: o primeiro fruto do útero pertence a Deus. Em uma visão moderna, devemos aproveitar Bamidbar para pensar em tudo aquilo que perdemos ao excluir pessoas do censo, diminuir a importância para o todo da existência de seres humanos diversos, criados à imagem divina. Cada ser humano traz uma riqueza infinita em si. Cada pessoa com dificuldades diferentes, sentimentos diferentes, gêneros e cores diferentes traz algo único a acrescentar ao grupo. Sem esta riqueza e diversidade ficamos perdidos no nada, no deserto, Bamidbar. Deixo então a questão: quem contamos hoje em nossa comunidade?

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