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Foto do escritorAndrea Kulikovsky

Tsáv

A parashá desta semana, que continua com os rituais de sacrifícios, desta vez ainda mais específicos para Aharon e seus filhos, se distancia do que imediatamente podemos absorver e nos interessar sobre o texto bíblico. Não temos mais templo, nossos cohanim (para aqueles que realmente acreditam que os cohanim de hoje são descendentes daqueles) não são mais santificados, não temos mais sacrifícios.


No entanto, há um paralelo claro que para mim é extremamente importante e deveríamos nos conscientizar dele todos os dias. O paralelo entre corpo e Templo feito em diversos momentos do texto. Os sacrifícios, trazidos pelo povo para agradar, pedir e agradecer a Deus, eram depois consumidos por Aharon e seus filhos, alguns ainda dentro do kodesh hakodashim, local mais sagrado, e este consumo somente poderia ser feito quando eles estivessem purificados. Assim, o momento final de dedicação ao Deus era o consumo daquela carne, das comidas, bolos, pães e frutos pelos sacerdotes e, em alguns casos, por suas famílias.


Após a destruição do templo estes rituais de purificação, e outros rituais sagrados, foram levados para dentro dos lares judaicos. Por séculos o lar judaico foi mantido como um local ritual por mulheres de diversas gerações que, excluídas da vida sinagogal e das yeshivot, faziam de seus lares pedaços sagrados do grande Templo do povo de Israel. Então, nossos corpos passaram a ser pedaços do kodesh hakodashim, passaram a ser o local mais sagrado de conexão com o divino.


Como os cohanim, lavamos as mãos de maneira ritual antes de nos sentarmos para comer. A comida é feita de acordo com preceitos, baseada em decisões judaicas acerca da kashrut. Agradecemos a comida que recebemos. Queimamos um pedaço da massa da chalá, lembrando aqueles sacrifícios. Transmitimos nosso conhecimento e nossos pequenos rituais para nossas filhas, para nossos filhos.


Hoje somos todos cohanim, nossos lares são sagrados, nossos corpos devem ser o meio para nos comunicarmos com o divino. E não seria este o objetivo de fazer com que todo o povo, e não somente os cohanim aprendessem a importância do ritual? Hoje cuidamos do que entra em nosso corpo, nosso local sagrado, e mais ainda do que sai de nossos corpos pela boca e pelo coração, pois assim são feitas nossas oferendas para Deus e para o nosso próximo.


Sejamos todos um povo de cohanim, cada um à sua maneira.


imagem: Michoel Muchnik | Before Shabbos

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