top of page

Bo

A parashá deste final de semana traz os últimos sinais de poder de Deus, que chamamos de pragas. Na verdade, no texto bíblico nem todas são assim nomeadas.


Nesta parashá vemos a praga da escuridão, uma escuridão palpável, que não atingia os israelitas. Muitas análises sobre esta escuridão a traduzem como medo, angústia, depressão. Por este motivo este é um Shabat em que se trabalha a consciência comunitária sobre doenças mentais.


Esta escuridão também pode significar esquecimento, que se liga ao mandamento que recebemos nesta parashá de lembrarmos e recontarmos a história da saída de Mitsraim através das gerações.


Antes da última praga os israelitas são ordenados a fazerem uma série de rituais que nos permite ver as conexões entre sangue, sacrifício e vínculos familiares. O sangue do cordeiro que é passado nas portas dos Israelitas e os protege do anjo da morte, que traz a dor, a perda, o grito, aos vizinhos. O cordeiro que salva os Israelitas deve ser totalmente ingerido naquela noite, entre as famílias, unindo cada família entre si, e todas as famílias do povo em um mesmo ritual. O mandamento de lembrar e recontar faz com que seja feito um elo entre o presente, o passado e o futuro.


O ritual serve de separador do povo de Israel, de marco para um futuro que começa a ser construído naquela noite.


No entanto, não podemos nos prender na escuridão, na surdez ao grito do próximo. A parashá desta semana traz muitas questões bastante complexas, como a existência de livre arbítrio para o Faraó, cujo coração foi endurecido durante todo o processo de liberação dos israelitas; sobre o “empréstimo” de bens na saída de Mitsraim; ou ainda, e mais importante, sobre a morte de inocentes.


Devemos nos livrar da escuridão, contar a história e ao mesmo tempo nos permitir questionar sobre aquilo que nos incomoda, buscando respostas ou ainda outras perguntas.

0 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page